Marielle Franco: Cearenses lamentam assassinato de vereadora carioca

Comoção, indignação, solidariedade e resistência. O sentimento de pesar pelo assassinato da vereadora carioca Mairelle Franco (Psol), vítima de um crime bárbaro na noite da última quarta-feira (14), mobilizou pessoas de todo o país.

Marielle Franco: Cearenses lamentam assassinato de vereadora carioca

“Quantos mais vão precisar morrer para que esta guerra acabe?”, havia postado a vereadora na mesma semana em que foi vítima desta violência crescente. Este questionamento unificou bandeiras de partidos políticos, entidades educacionais, parlamentares, sociedade civil organizada e cidadãos que consideram simbólica a morte da parlamentar.

Foram inúmeras notas de pesar, de solidariedade, manifestações de indignação com o crime que escancara o risco que corre a democracia do país. Marielle Franco era reconhecida por sua histórica luta em defesa dos direitos humanos, especialmente em defesa dos direitos das mulheres negras e moradores de favelas e periferias, e por suas denúncias da violência policial.

Em Fortaleza, centenas de pessoas estiveram na Praça João Gentil, no bairro Benfica, na ultima quinta-feira (15), em vigília. Eram militantes, políticos, representantes de movimentos sociais, sindicatos, partidos universitários e frequentadores do bairro, pedindo paz. Com cartazes, flores, discursos, o sentimento de solidariedade, união e ratificar que a morte de Marielle não será em vão.

Mais

Marielle foi morta a tiros na noite da última quarta feira, 14, no bairro do Estácio na cidade do Rio de Janeiro. Além da vereadora, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado no atentado e morreu. Quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016,

Manifestações

Hoje choro – Flávio Arruda (publicitário)

Morri no banco de trás, morri na praça lotada
Morri por falar de gente
Morri pra ficar calada
Morri por fazer barulho
Morri de morte matada

Morrem de ódio e gatilho
Morreram de mão armada
Morrem de sangue alheio
Morreram na emboscada

Só não contavam, covardes, com a força que a vida guarda

Não morre quem vive em luta
Quem deixa a gente enlutada
A vida de quem se foi
É que inspira a caminhada.

Nota de Repúdio – Procuradoria Especial da Mulher na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará

A Procuradoria Especial da Mulher na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, através de sua representante Deputada Augusta Brito, vem manifestar publicamente seu mais profundo repúdio ao fato ocorrido na última quarta-feira (14/03/2018), no Centro do Rio de Janeiro – RJ, o qual chocou toda a sociedade pela tamanha violência e frieza que vitimou a vereadora Marielle Franco (PSOL) e Anderson Pedro Gomes, seu motorista.

Trata-se de um ato covarde praticado contra a vereadora, incansável ativista social e seu motorista. As circunstâncias do crime nos mostram que se trata de clara execução. Estamos chocados e indignados com a violência orquestrada e o fato deve sim ser apurado com o máximo rigor da lei. Para nós, é imensurável a perda desta firme defensora dos direitos humanos e sociais, que, como nós, luta diariamente por um Brasil melhor.

Estendo minha solidariedade e sentimentos a todos os familiares e amigos de Marielle Franco e Anderson Pedro. E, reforçamos nosso total repúdio ao crime abominável praticado, ao passo que reafirmamos o compromisso com o respeito aos direitos humanos, assim como fim das relações de opressão existentes na sociedade e no enfrentamento à violência.

Augusta Brito (PCdoB)
Procuradora Especial da Mulher


Nota de Repúdio – Conselho Cearense dos Direitos da Mulher

O Conselho Cearense dos Direitos da Mulher (CCDM) e o Instituto Maria da Penha (IMP) vem à público manifestar profunda indignação com o brutal assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. Feminista, mulher, negra e militante dos direitos humanos, Marielle pautou sua vida pública na defesa da liberdade e no enfrentamento à violência que se abate sobre a população pobre e desassistida das periferias. Solidarizamo-nos com seus familiares e camaradas, partilhando da dor e do desejo por justiça. Exigimos imediata apuração deste bárbaro crime e a consequente punição dos seus algozes.

Conselho Cearense dos Direitos da Mulher (CCDM)
Instituto Maria da Penha (IMP)

Nota de Pesar – Adufc-Sindicato

A diretoria da Adufc-Sindicato vem a público manifestar o seu mais profundo pesar e indignação pela morte prematura e violenta da jovem vereadora carioca, Marielle Franco (Psol) e de seu motorista, Anderson Pedro, ambos assassinados brutalmente na noite desta quarta-feira (14), no Rio de Janeiro.

O assassinato de Marielle, em particular, representou a tentativa de calar a voz de uma pessoa que sempre lutou pelas causas das mulheres negras, pobres, moradoras de comunidades e engajadas por uma sociedade mais justa e igualitária para todas e todos.

Marielle vinha denunciando fatos gravíssimos relacionados a atuação violenta da Polícia Militar do RJ contra os moradores da Favela da Maré, comunidade a qual Marielle nasceu e onde vivia.

Esperamos que esse crime não fique impune e que as autoridades ajam com rapidez e rigor para identificar e punir os responsáveis, na forma da lei e que a Justiça seja feita para Marielle e Anderson.

Nós da Adufc-Sindicato nos solidarizamos com os familiares de Marielle Franco e Anderson Pedro e reafirmamos que apoiamos e defendemos todas as bandeiras defendidas por Marielle Franco, por uma sociedade mais justa, livre das amarras do preconceito, do racismo e da violência contra pobres e negros.

É o aprofundamento do estado de exceção! Mais uma vítima da terrível situação instalada em nosso país!

Marielle Franco Presente!

Não Passarão! Todos juntos pela apuração deste crime e em defesa do estado democrático!

A DIRETORIA

Nota – Sintufce

Março é marcado pelo Dia Internacional da Mulher. Neste dia, flores, chocolates e mimos são dedicados às mulheres. No entanto, passada essa data, as mulheres trabalhadoras voltam à dura realidade. A realidade de uma sociedade machista que oprime, escraviza e mata as mulheres. A realidade onde as mulheres, mesmo tão ou mais qualificadas que os homens, recebem menores salários, ocupando os mesmos cargos. A realidade em que os cuidados da casa e dos filhos são vistos como sendo obrigação da mulher, mesmo quando ela trabalha fora para complementar a renda da casa.

E esta dura realidade mostrou sua cara violenta, desumana. No dia 14/03, os professores, em protesto contra as políticas nefastas do prefeito de São Paulo, que pretende precarizar ainda mais a atividade dos professores e, por tabela, a educação, foram duramente reprimidos pela guarda civil da cidade. As imagens de uma professora que teve o nariz quebrado pela truculência do Estado ganharam as redes sociais e os jornais brasileiros. Uma mulher. Uma professora. Uma trabalhadora. Massacrada junto com outros tantos trabalhadores, por conta de uma só atitude: protestar contra a retirada de direitos.

Mais tarde, mais um crime. Outra mulher. Outra trabalhadora. Negra. Da favela. Representante do povo trabalhador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Executada em plena rua, na zona central da cidade. Um assassinato claramente político. A tentativa sórdida de calar uma voz que estava ao lado do povo trabalhador, do povo pobre, do povo preto do Rio de Janeiro. Uma voz que ousou dizer que a intervenção militar, longe de acabar com a violência no Rio de Janeiro, iria, em vez disso, aumentá-la por meio da repressão à população das periferias e a criminalização dos movimentos sociais e de todos os lutadores.

Marielle representa uma quantidade enorme de lutadoras dispostas a doar a própria vida por uma nova sociedade. Neste momento, o SINTUFCE se coloca ao lado de cada uma das lutadoras e dos lutadores desse país, e exige justiça! Exige a apuração desse crime, que não tirou apenas a vida de Marielle e nem feriu apenas a família dela, mas deixa a todos nós, que acreditamos que só a luta muda a vida enlutados.

O sangue derramado ontem não há de ficar impune. O clamor que emana dele reverberará para sempre, junto com o sangue de outros lutadores que tombaram em sua busca pela transformação da vida dos trabalhadores.

Não à intervenção militar!

Não ao massacre do povo trabalhador!

MARIELLE PRESENTE, HOJE E SEMPRE!

Diretoria Colegiada do Sintufce

Nota de Repúdio – Advogados e Advogadas pela Democracia, Justiça e Cidadania

A ADJC (Advogados e Advogadas pela Democracia, Justiça e Cidadania) repudia veementemente o assassínio da vereadora do Psol-Rj, Marielle Franco, e exige providências para apuração do crime e punição dos culpados.

Marielle era a voz da Maré, a voz de Acari, a voz das favelas cariocas, a voz dos que não têm e nunca tiveram voz no Estado brasileiro.

Recentemente, ela foi escolhida para participar da Comissão da Càmara de Vereadores que iria fiscalizar a intervenção militar no Rio de Janeiro.

Muito recentemente, também, ela denunciou os crimes cometidos pela PM carioca na favela do Acari contra a juventude negra. Esses crimes já eram comuns antes, mas se intensificaram e redobraram de intensidade sob o cobertor da impunidade da violência policial propiciado pela intervenção militar.

O assassinato de Marielle teve todas as características de uma execução ao estilo da máfia, ao estilo das milícias, ao estilo dos grupos fascistas.

Calaram a sua voz, mas não calarão suas denúncias, que serão repercutidas e ampliadas por milhares de seus companheiros de luta e milhões de pessoas nas quais o seu sacrifício acendeu a chama da indignação contra a descabida violência policial e das milícias, contra a intervenção militar, contra a repressão, tortura e genocídio sistemáticos da população favelada e negra, em especial da juventude negra.

O interventor militar e outras autoridades cariocas têm de prestas contas à população sobre o crime que silenciou Marielle. Seus assassinos têm de ser presos urgentemente e prestar contas à Justiça.

Estamos de luto por Marielle. Mas o nosso luto é do verbo lutar.

Fetamce lamenta execução da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ)

Não há dúvidas de que no Brasil se instalou um Estado de exceção.

A luta por direitos, por cidadania, por igualdade, por liberdade é duramente perseguida neste país.

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ) e Anderson Pedro Gomes, seu motorista, talvez seja o mais extremo disso.

Marielle tinha muito a dizer e por isso foi calada.

Calaram uma vereadora. Calaram uma mulher. Calaram uma negra. Calaram uma ativista. Calaram um ser humano. Calaram Marielle e ela podia ser o que quisesse. Calaram Marielle e ela ainda tinha muito a dizer.

Sua morte foi visivelmente um doloroso choque para todos os lutadores e lutadores populares, pois anuncia que eles podem ser os próximos. Assim como nos últimos dias, semanas e meses ativistas são mortos nos rincões do Brasil.

Mas, neste momento, precisamos, mais do que nunca, resistir, reagir e vencer a desesperança para juntos e juntas levantarmos mais uma vez a voz e mostrarmos que temos coragem pra lutar.

Sendo assim, como diz a bela canção de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, não podemos calar sobre o seu corpo, pois quem cala sobre o corpo de Mariella consente na sua morte.

A violência contra professores e servidores de Icó (CE) e do município de São Paulo (SP) já era o anúncio do que estava por vir. São provas de toda a opressão que as elites, os donos do poder, os canalhas da pátria estão impondo ao povo. A classe trabalhadora e os segmentos mais vulneráveis desta são as grandes vítimas de um modelo de sociedade que empurra para as periferias a maioria de seus filhos e lá destrói os nossos corpos, a nossa alma e extermina a nossa esperança.

A partir da dor eclodida diante da cruel execução de Marielle, precisamos mais uma vez converter o choro em luta.

Ela era tudo que este país rejeita: mulher, negra, favelada, que furou o cerco, que protagonizou a resistência. Em sua memória, em sua honra e em luta contra o que lhe vitimou, vamos reconstruir nossos passos. Vamos reconstruir o Brasil!

Marielle, presente!

Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Ceará (Fetamce)