Brasil vive Estado de exceção, diz Conselho Federal de Economia
O Conselho Federal de Economia divulgou nota na última sexta (6), na qual afirma que o país vive sob um Estado de exceção, "com apoio de setores como financeiro, rentistas, parte do empresariado, do judiciário e das forças armadas". A entidade destaca a dificuldade de retomar o crescimento econômico diante da instabilidade política, agravada pelo "comportamento casuístico" do Judiciário.
Publicado 09/04/2018 17:21
Para os economistas, os brasileiras devem se insurgir contra os setores cujos interesses são "eliminar os parcos benefícios sociais conquistados e entregar as riquezas capazes de garantir o desenvolvimento do Brasil e promover bem-estar para seu povo". Leia abaixo a íntegra da nota:
O Conselho Federal de Economia vem se pronunciar sobre a grave situação de estado de exceção no Brasil, com apoio de setores como financeiro, rentistas, parte do empresariado, do judiciário e das forças armadas. O quadro em curso visa atender além de seus próprios interesses, aos de alguns países estrangeiros que almejam tomar conta das riquezas nacionais, a exemplo do pré-sal, da Embraer, da Eletrobras e, consequentemente, da parte da matriz energética derivada das hidrelétricas, dos rios, da base de Alcântara, da Amazônia, do Aquífero Guarani e de muitas outras.
Os últimos lances do desastre foram as manobras levadas a cabo pelo Poder Judiciário, em apoio ao golpe, tal como fizeram quando da deposição do então Presidente da República João Goulart e ao entregar Olga Benário à sanha assassina dos nazistas de Hitler. Esta última, uma cidadã como qualquer um de nós. Certamente estas ações não foram dignas da missão institucional de defesa da democracia e da Constituição brasileiras.
Na véspera, vivandeiras das casernas se pronunciaram em redes sociais da internet, ameaçando enterrar de vez as nossas já combalidas instituições democráticas. Ainda bem que o Comandante da Aeronáutica veio a publico com discurso mais democrático e amparado em artigos da Constituição Brasileira que regulam o papel das Forças Armadas.
É importante sublinhar que o pano de fundo dessas diatribes é composto pelo congelamento dos investimentos públicos em educação, saúde e infraestrutura, dentre outros, por vinte anos; o aviltamento do valor do salário mínimo; a reforma trabalhista; e os assassinatos da Vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes, condutor do veículo em que ela estava, ambos do Rio de Janeiro, e de milhares de jovens negros e negras, brancos e brancas, todos pobres, jogados nesta condição pelos autores do golpe acima nominados.
Como retomar o desenvolvimento econômico, com inclusão social, em meio a tanta insegurança jurídica e instabilidade institucional? Para agravar conjuntura já tão adversa, o comportamento casuístico de nosso Poder Judiciário, ao atingir seu auge neste momento, compromete ainda mais a credibilidade do País no exterior, inviabilizando investimentos e financiamentos externos que nos seriam favoráveis.
Diante deste cenário, urge que os brasileiros e brasileiras se insurjam contra os setores cujos interesses são eliminar os parcos benefícios sociais conquistados e entregar as riquezas capazes de garantir o desenvolvimento do Brasil e promover bem-estar para seu povo, ainda que para isto seja necessário lançar o País, irresponsavelmente, em uma divisão temperada pelos ódios, a qual sabemos como começa, mas não como terminará.