Juíza que impediu governadores de visitar Lula "pede a bênção do Moro"

Nos últimos dias, após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a grande mídia tem publicado matérias que tratam da conduta de pessoas diretamente envolvidas na prisão do ex-presidente, bem como aquelas que são responsáveis por mantê-lo no cárcere. As matéria só reforçam as denúncias de que a prisão do ex-presidente é política.

Sergio Moro audiencia publica - Pedro de Oliveira/ALEP

Nesta quinta-feira (12), a Folha publicou matéria em que traça um perfil da juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, que impediu que 9 governadores e 3 senadores da República visitassem o ex-presidente Lula em Curitiba.

Enquanto o título da matéria a descrevia como uma juíza "discreta, técnica, rígida", as informações do texto apontam que a mesma tem uma relação muito próxima com o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processo da Lava Jato em primeira instância, chegando até a enviar ofícios a Moro para que ele se manifeste sobre os casos em questão, antes de tomar alguma decisão.

"Ela pede muito a bênção do Moro", disse uma fonte do jornal.

Carolina é juíza substituta. O titular é o juiz Danilo Pereira Júnior, que segundo a reportagem é constantemente convocado para assumir outras funções no Judiciário.

Apesar de ser considerada como "rígida", Carolina ordenou nesta terça-feira (10) a retirada da tornozeleira eletrônica de Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras condenado a 15 anos de prisão na Operação Lava Jato. Do total da condenação, o ex-gerente passou dois anos em "regime aberto diferenciado", sendo monitorado por tornozeleira e prestou serviços comunitários.

Delegados

Na segunda-feira (9), outro fato marcou as manifestações em apoio a Lula. A pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D'Ávila, cobrou que a Polícia Federal identifique a pessoa que a hostilizou em frente à sede da PF onde está preso o presidente Lula em Curitiba. Após ter abraçado a deputada e gritado “Aqui é Bolsonaro, Chupa”, o militante que saiu de dentro do prédio da PF voltou para o prédio cercado acompanhado de dois brigadistas, como são chamados policiais militares no Sul.

Nesta quarta (11), o presidente do Sindicato dos Delegados da PF do Paraná, Algacir Mikalovski, fez uma requerimento em que pede a transferência de Lula da superintendência do órgão em Curitiba alegando “risco à população”. Mas a conduta do delegado foi desmascarada por colegas da corporação que lembraram que ele tem fotos com Jair Bolsonaro, candidato da ultradireita.

A página do delegado nas redes sociais também inclui postagens com ofensas ao ex-presidente. O delegado foi candidato a deputado estadual pelo PRB em 2014 e a vereador, em 2016, pelo PSDC, não sendo eleito em nenhum dos pleitos.

A Federação Nacional dos Policiais Federais se manifestou contra a transferência. Para o presidente da entidade, Luís Antônio Boudens, o pedido é político. "O propósito dessa remoção não é com a segurança dos policiais ou a sociedade do local. Tem cunho político", disse ele, que completou: "Esse delegado é candidato".

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR) também criticou o pedido. "Qualquer situação envolvendo o presidente Lula, inclusive de transferência, só será feita com negociação detalhada e responsável com os representantes jurídicos".