Mais de mil crianças feridas por Israel nos protestos em Gaza

Desde 30 de março, mais de mil crianças foram feridas na Faixa de Gaza cercada pelas forças de ocupação israelenses, nos protestos da Grande Marcha do Retorno, segundo revelou a Unicef

Faixa de Gaza - Foto: Said Khatib/AFP/Getty Images

Em comunicado emitido na quarta-feira (16), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês) afirma que "muitos dos ferimentos [infligidos às crianças] são graves e podem mudar as suas vidas para sempre, alguns dos quais resultaram em amputações".

O texto sublinha que "a intensificação da violência [em Gaza] agravou a situação das crianças, cujas vidas já são insuportavelmente difíceis há muitos anos".

A fragilidade do sistema de saúde na Faixa de Gaza – que é submetido "a grandes cortes de energia, à escassez de combustível, medicamentos e equipamentos" – ficou ainda mais exposta com "a violência recente", afirma a Unicef, de acordo com a qual as instalações de saúde no território cercado estão "entrando em colapso devido à pressão das vítimas adicionais" da repressão israelense

No documento, o órgão das Nações Unidas afirma que "as crianças devem ser protegidas" e apela a todos os atores nos territórios ocupados da Palestina a "pôr em prática medidas específicas para manter as crianças fora de perigo e evitar mortes de crianças".

Grande Marcha do Retorno

Desde o dia 30 de março, os palestinos tem realizado protestos para a "Grande Marcha do Retorno", contra o bloqueio à Faixa de Gaza, que dura há 11 anos, e pelo direito do regresso dos refugiados e seus descendentes às terras de onde foram expulsos pela limpeza étnica que o Estado de Israel tem feito desde 1948.

Milhares de palestinos participaram nos protestos, sempre brutalmente reprimidos pelas forças armadas israelenses. Esta repressão intensificou-se na segunda-feira (14) – dia em que os palestinos chamaram de "Dia da Raiva" em virtude da mudança da Embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém –, tendo-se registado 60 mortos e mais de 2700 feridos.

De acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, 102 palestinos foram mortos e mais de 12mil ficaram feridos desde o dia 30 de março, muitos dos quais atingidos por balas reais disparadas por atiradores israelenses dispostos ao longo da cerca que separa a Faixa de Gaza de Israel.

O comitê organizador da Grande Marcha do Retorno sublinhou, no dia 14, que os palestinos queriam "mandar a mensagem de que não se adaptaram nem vão se adaptar à condição de refugiados". 

Esse comitê apelou à realização de uma grande mobilização nessa sexta-feira (18), com o lema "Sexta-feira pelos Mártires e pelos Feridos", refere a PressTV, acrescentando que os atiradores, os tanques e demais veículos militares continuam dispostos ao longo da cerca.

Gaza na agenda: reuniões em Istambul e Genebra

Na Turquia, os líderes do mundo muçulmano estão reunidos numa reunião de caráter urgente da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), com o propósito de "mostrar solidariedade aos palestinos" e analisar "dois acontecimentos catastróficos recentes": a "transferência ilegal e desatrosa da Embaixada dos EUA para Jerusalém" e o "massacre de palestinos pelo regime sionista", disse à PressTV o presidente iraniano, Hassan Rouhani.

Em Genebra, realiza-se uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para debater "as alegações de crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza" e decidir sobre a constituição de uma comissão para investigar essas alegações.

A missão israelense nas Nações Unidas tem ordens para evitar que tal investigação aconteça, indica a PressTV, referindo-se a uma reportagem do Canal 10 israelense.