Semana Nacional Universitária tem início na Reitoria da UFC

Na noite desta terça-feira (22), no auditório da Reitoria da UFC, teve início a ”Semana Nacional Universitária: debate de um projeto para o Brasil”.

Semana Nacional Universitária tem início na Reitoria da UFC

O evento segue com programação gratuita e aberta ao público até o dia 25 de maio, e constará de palestras e painéis temáticos, com a participação de lideranças e grandes nomes do meio acadêmico (confira aqui a programação completa: https://goo.gl/FoKsmy).

A solenidade de abertura contou com apresentação musical do Trio Nepomuceno, integrado pelos professores Liu Man Ying (violino), Vítor Duarte (piano) e Dora Queiroz (violoncelo), do curso de Música da UFC.

Foram interpretadas as peças “Melodia sentimental”, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), “Canção” e “Allegro maestoso”, de Oscar Lorenzo Fernández (1897-1948).

Representando a comissão político-pedagógica da Semana, a pró-reitora de Extensão da UFC, professora Márcia Maria Machado, fez um discurso de abertura apresentando o objetivo desse evento na universidade. ”Vamos realizar debates para envolver a comunidade acadêmica e movimentos sociais da nossa região, estimulando a discussão sobre a situação do país e a necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento que considere as reformas estruturais históricas”, ela afirmou.

A aluna Vitória Kloe falou em nome da União Nacional dos Estudantes (UNE), ”o Brasil que queremos é com uma universidade justa, gratuita e acessível para todos e todas. Essa Semana com certeza vai ser algo que marca um diferencial na nossa vida acadêmica”, declarou.

O presidente da Adufc-Sindicato, professor Enio Pontes, agradeceu o convite para a entidade apoiar o evento e ressaltou a importância da promoção de debates acerca da educação pública, gratuita e de qualidade no meio acadêmico.

”No atual momento do País, crítico, em que acontecem preocupantes retrocessos socioeconômicos e socioeducacionais, é fundamental que a gente defenda um modelo de educação superior público e gratuito, que seja pautado pelo acesso democrático, pela inclusão social, pelo respeito às diferenças e pela autonomia universitária”, discursou o presidente.

O professor Enio Pontes ainda defendeu um projeto para o Brasil que revogue imediatamente a Emenda Constitucional 95, que congela os investimentos do governo federal nas áreas de educação, saúde e habitação durante os próximos 20 anos.

O reitor da UFC, professor Henry de Holanda Campos, afirmou que a educação pública está sofrendo violentos ataques por parte do atual governo federal, além de outras áreas, como o sistema público de saúde, estarem sofrendo desmonte.

”É preciso que a gente, como universidade, reflita sobre esse momento e traga para essa reflexão os nossos estudantes, que serão os condutores desse país no futuro. É extremamente importante a participação estudantil, dos nossos servidores, professores, para que aqui, juntos, possamos formular aquilo que acreditamos que possa ser um projeto para esse país”, refletiu o reitor.

Também estiveram presentes na mesa do cerimonial da Semana Universitária Nacional, o vice-reitor da UFC, professor Custódio Luís Silva de Almeida; o ex-reitor da UFC e ex-presidente da Andifes, professor Jesualdo Pereira Farias; o reitor da UFCA, professor Ricardo Ness; a pró-reitora de graduação da Unilab, professora Andréa Gomes Linard; e o presidente da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, professor Francisco Antônio Guimarães.

CONFERÊNCIA – Com o tema “Universidades públicas e o projeto nacional de desenvolvimento”, a conferência da noite foi realizada pelo ex-reitor da UFC e ex-secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Jesualdo Pereira Farias. Ele fez um balanço das políticas públicas no Brasil, apresentando dados oficiais do governo federal acerca da realidade socioeconômica e dos impactos na educação.

O professor Jesualdo citou o último Censo da Educação de 2017, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o qual aponta que 82% dos jovens brasileiros que concluem o Ensino Médio não têm acesso ao Ensino Superior e tampouco formação técnica adequada para entrar no mercado de trabalho.

Trouxe também dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os quais revelam que 26,7 milhões de jovens entre 18 e 29 anos não frequentam a escola e, desse contingente, 9,4 milhões não estudam nem trabalham. Segundo o gestor, esses quantitativos indicam um cenário preocupante de crescente desemprego, exclusão social e falta de oportunidades para a juventude.

Ainda de acordo com Jesualdo Farias, a meta 12 do Plano Nacional de Educação (Lei Federal nº 13.005/2014) estabelece que, até o ano de 2024, um terço dos jovens entre 18 e 24 anos esteja matriculado no ensino universitário. Para cumprir esse compromisso, o Estado brasileiro precisa criar 3,65 milhões de novas vagas em instituições públicas e privadas.

Finaliza o ex-reitor da UFC: “Qualquer projeto permanente de país que tenha como objetivo resolver esse drama social necessita que as universidades tenham liberdade para exercer suas atividades. Precisamos reconquistar aquilo que a Constituição nos deu, por reconhecer a importância das universidades, que é a autonomia”.