Apesar do recuo de Trump, as chances de um encontro não estão perdidas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (25) que o governo norte-americano retomou os contatos com a Coreia Popular, um dia depois do republicano ter cancelado a reunião publicamente

kim jong un

Estados Unidos e Coreia Popular deveriam se encontrar no dia 12 de junho, encontro que foi desmarcado ontem por Trump (sem nem mesmo avisar seu aliado, a Coreia do Sul), em uma carta na qual ostentou a capacidade nuclear dos EUA.

Na última semana, com o inuito de demostrar abertura para as negociações, Pyongyang desmontou sua instalação de testes nucleares “para garantir a transparência da descontinuidade dos testes nucleares”, relatou a KCNA, agência norte-coreana. Kim Jong-un “cumpriu a sua parte”, considera o presidente russo, Vladimir Putin, numa conferência de imprensa ao comentar o cancelamento do encontro entre EUA e Coreia. 

Mesmo após a carta de Trump e de seu vice, Mike Pence, ter ameaçado que a Coreia Popular poderia acabar como a Líbia (que depois de ter entregado seu programa nuclear foi invadida pelos EUA e pela OTAN) caso não se rendesse à pressão norte-americana para uma desnuclearização unilateral, Pyongyang respondeu demonstrando ainda sua boa vontade em querer dialogar, e mais do que isso, a necessidade de se continuar na via diplomática. Isso não significa que o país cede às pressões dos EUA, uma vez que a desnuclearização unilateral como condição não foi aceita. 

De acordo com a agência noticiosa oficial da Coreia Popular, a KCNA, Kim Jong-un continua disponível para resolver os problemas com os EUA “onde e quando” o presidente norte-americano quiser. “Queremos reiterar junto dos EUA que estamos mais do que abertos a resolver os problemas a qualquer hora e de qualquer maneira”, escreveu Kim Kye Gwan, vice-ministro das Relações Exteriores norte-coreano. 

Em mais um ato contraditório, Trump voltou a dirigir comentários elogiosos a Pyongyang. Para ele, o interesse da Coreia Popular (nunca negado, até porque é um interesse mundial) num encontro entre os dois líderes é “uma notícia muito boa”. “Veremos até onde é que isso pode nos levar, espero que a uma paz e prosperidade longa e duradoura. Apenas o tempo (e o talento) o dirá!”, escreveu o residente norte-americano no Twitter- onde costuma fazer anuncios. 

Em declarações aos jornalistas, Trump disse até que a reunião pode de fato acontecer no dia 12 de junho, como estava marcado. "Queremos que aconteça", garantiu.

O cancelamento da histórica reunião entre os dois líderes pegou de surpresa os aliados de Washington. O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que é um dos principais defensores das negociações, tinha acabado de chegar de Washington quando soube da notícia e convocou de imediato o seu gabinete de crise.