OTAN quer que Rússia assuma responsabilidade pela queda do MH17

A OTAN e a União Europeia querem que a Rússia assuma as suas responsabilidades pela queda do avião da Malaysia Airlines em 2014 na Ucrânia, num desastre que causou a morte aos 298 passageiros que seguiam a bordo. Moscou nega as acusações e lembra que ainda está acontecendo uma investigação internacional

avião malaysia - Reuters

Uma equipe de investigadores concluiu que o míssil que abateu o voo MH17 no dia 17 de julho de 2014 foi disparado por um sistema antiaéreo que pertencia a uma brigada do Exército russo e tinha sido cedido aos rebeldes separatistas que ocupavam o Leste da Ucrânia. 

As acusações da Holanda e da Austrália são apoiadas pela OTAN, maior entusiasta da campanha anti-russia. Segundo Kees van der Pijl, cientista político da holandês, tanto a Ucrânia quanto a OTAN tinham motivos para desencadear uma provocação contra a Rússia.

"Acredito que tudo aponte para a Ucrânia, porque eles tinham um motivo, precisavam de tempo para avançar, entretanto também havia um motivo por parte da OTAN – mostrar o presidente russo, Vladimir Putin, como se fosse um novo demônio a quem era preciso resistir, porque naquela época em Gales estava decorrendo uma importante cúpula da OTAN."

"Eu pensaria que à luz da Copa do Mundo na Rússia, que virá à tona daqui a três semanas, o caso Skripal e esta coletiva, em que familiares dos falecidos na catástrofe afirmaram que 'os russos querem viver em um país sem verdade' – tudo isso faz parte de uma campanha antirrussa", afirmou Kees van der Pijl.

A Equipe de Investigação Conjunta (JIT, na sigla em inglês) apresentou nesta quinta-feira (24) os resultados preliminares da investigação da tragédia, segundo os quais o sistema que derrubou o Boeing da Malásia no leste da Ucrânia em 2014 pertencia às Forças Armadas da Rússia.
O presidente russo Vladimir Putin declarou que Moscou só reconhecerá os resultados da investigação da queda do avião malaio MH17 malaio se a Rússia participar plenamente do processo, e que hoje o país não tem acesso à investigação.

Em 17 de julho de 2014, um Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines, que fazia o voo MH17 de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi atingido por um míssil quando sobrevoava a região de Donetsk, no leste da Ucrânia. A bordo da aeronave seguiam 298 pessoas, a maioria holandeses; não houve sobreviventes.

Kiev acusou os militantes de Donbass de derrubarem o avião, contudo, estes afirmaram não possuírem meios capazes de derrubar um avião em tal altitude. De acordo com o relatório do grupo internacional de investigação, o Boeing foi atingido por um sistema de defesa antiaérea Buk, supostamente trazido da Rússia e, posteriormente, devolvido ao país.

Por sua vez, Moscou qualificou a investigação como preconceituosa, baseada apenas nos dados proporcionados pela Ucrânia. Os experimentos realizados pelo consórcio Almaz-Antei, principal produtor de sistemas antiaéreos, confirmam que o Boeing foi derrubado a partir do território controlado pelo exército ucraniano.