Encontro entre Kim e Trump acontecerá, mas ações militares continuam

O presidente dos Estados Unidos confirmou na sexta-feira (1) que a reunião com o líder da Coreia Popular, Kim Jong-un, vai mesmo acontecer no dia 12 de junho, como era previsto antes de Trump cancelar o encontro; mesmo assim, ensaios militares junto com a Coreia do Sul continuam

kim e Trump

O encontro foi confirmado após uma carta de Kim Jong-un entregue pela mão do general Kim Yong-chol, braço direito do líder, e de encontros entre equipes de ambos os países em Singapura. 

A reunião entre Kim Jong-un e Donald Trump, tatno esperada após a assintatura de um acordo de paz entre ambas as Coreias após os Jogos de Inverno, havia sido cancelada pelo presidente norte-americano após à suposta “fúria e hostilidade” da Pyongyang, que chamou de "imbecis" os comentários do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que ameaçou que a Coreia Popular poderia "acabar como a Líbia" se não cedesse à pressão norte-americana de uma desnuclearização unilateral. A Líbia, depois de ter entregado, em 2003, o seu programa nuclear e de mísseis balísticos aos norte-americanos, foi invadida em 2011 pelos EUA e países aliados da OTAN, que destruíram o país norte-africano e o mergulharam no caos.

O encontro do dia 12 foi reestabelecido após novos encontros entre Kim e Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul e grante entusiasta da negociação e da promoção do diálogo entre os países. Os líderes discutiram como colocar em prática os compromissos assumidos durante a reunião de abril, onde foi assinado o acordo de compromisso com a paz. Mais tarde, aos reporteres, Moon afirmou que Kim ainda queria se reunir com Trump, mas que não sabia até onde pode confiar nos Estados Unidos. Um grande feito, fruto desse último encontro entre as Coreias, foi a criação de um escritório de ligação na cidade de Kaesong, na parte norte-coreana da fronteira. 

Apesar dos bons pressagios, no domingo (3), Pyongyang condenou os planos da Coreia do Sul de participar com os EUA de exercícios militares na bacia do Pacífico e o exercício Ulchi Freedom Guardiam, que envolve tropas de ambos os países e que acontece desde 1976. Antes da comparação de Pence com a Líbia, a Coreia Popular já havia se queixado de ataques conjuntos entre EUA e Coreia do Sul, apesar do acordo de paz já ter sido assinado e o encontro marcado. 

Nesse domingo (3), Pyongyang criticou os militares sul-coreanos por se oporem ao espírito da Declaração Panmunjom ao participarem de dois exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos. O jornal oficial da Coreia Popular, Minju Joson, disse em um artigo que os militares sul-coreanos despacharam três navios de guerra, jatos e 700 soldados para participarem do Exercício Marinho do Pacífico (RIMPAC), que será realizado a partir do dia 27 de junho, nas águas do Havaí. Seul também anunciou que lançaria o Ulchi Freedom Guardian anual, como previsto em agosto, disse o artigo.

"Como se sabe, o RIMPAC é um exercício militar criticado pela RPDC, que tem sido realizado bienalmente desde 1971", disse, acrescentando que a busca de confronto militar é "contra a demanda unânime de todos os coreanos e a tendência dos tempos".