Governo na Itália está formado, após novo acordo e muitas reviravoltas

Finalmente a Itália tem um governo. Após quase 90 dias de impasse. Já se fala que o primeiro-ministro desconhecido, Giuseppe Conte, será uma "rainha da Inglaterra"pois quem irá mandar mesmo são Luigi Di Maio (M5E) e Matteo Salvini (Liga), que ficaram respectivamente como Ministro do Trabalho e Vice-premiê/Ministro do Interior

Giuseppe Conte e Sergio Mattarella

O novo gabinete tem 18 ministros, sendo que apenas 5 são mulheres. Em seus primeiros pronunciamentos, o vice-premiê Salvini (Liga) disse que expulsar imigrantes será uma das prioridades do governo: a proposta é deportar pelo menos 500 mil imigrantes que estão ilegais no país.

Tudo parecia caminhar para uma conclusão: após a vitória do populista Movimento 5 Estrelas e da extrema-direita da Liga, que conquistaram a maioria no parlamento pelo voto (acontecimento que pode ser explicado e analisado pela crise política profunda vivida pela Itália nos últimos anos), ambos os partidos conseguiram chegar em um acordo de governo.

Nomearam Giuseppe Conte para primeiro-ministro, mas quando este indicou Paolo Savana, um economista anti-euro, como Ministro da Economia, o presidente Sergio Mattarella (Partido Democratico) vetou sua posse como encarregado do ministério em questão. Pressionado pelo mercado europeu, descontente com o governo eleito, Mattarella indicou Carlo Cottarelli, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), como primeiro-ministro interino. Desde então, a incerteza e a possibilidade de novas eleições voltaram. 

Apesar do debate em relação ao veto de Mattarella, Liga e M5E decidiram elaborar um novo acordo para ser aprovado pelo presidente. Conseguiram, enfim, um acordo para formar um Executivo que tentará governar a Itália nos próximos cinco anos. Os dois partidos decidiram substituir o eurocético Paolo Savona pelo acadêmico Giovanni Tria no ministério da Economia. Savona será responsável pelos Assuntos Europeus, por mais contraditório que pareça. O professor Giuseppe Conte, que havia rejeitado seu cargo após o veto de Mattarella, será o primeiro-ministro.

O novo ministro da Economia, Giovanni Tria, é reitor da Faculdade de Economia Política da Universidade de Roma Tor Vergata e presidente da Escola Nacional de Administração. Trata-se de um economista afeito ao diálogo e sem as inclinações eurocéticas de Savona, mas com uma visão nuançada sobre a atual ideia de Europa. De fato, em seus artigos no Il Sole 24 Ore, já tinha feito algumas críticas ao superávit comercial alemão e aos inconvenientes da moeda única.

Carlo Cotarelli, o economista a quem Mattarella encarregou de formar um Governo na segunda-feira passada (28), despachou informalmente com o presidente para falar da sua renúncia, e espera a confirmação oficial. Seu Governo seria rejeitado na Câmara e no Senado, onde todos os partidos haviam anunciado voto contrário a ele. De modo que Cottarelli também respirou aliviado ao evitar um processo puramente tecnocrático, sem a legitimidade das urnas nem do Parlamento, como lembra o jornal El País.