Papa aceita renúncia de três bispos chilenos suspeitos de pedofilia

Após todos os 34 bispos do Chile pedirem demissão, o papa Francisco aceitou nesta segunda-feira (11) a renúncia de três – entre eles Juan Barros, acusado de ter protegido um padre pedófilo. A decisão foi anunciada seis meses após a visita ao Chile, que foi marcada por protestos de vítimas de abuso sexual, cometido por integrantes da Igreja Católica.

Papa no Chile - Fotos Públicas

Em janeiro, o papa mal chegou ao Chile e pediu perdão pelos crimes de abuso sexual, encobertos pelo Vaticano e que ele prometeu punir. Porém, Francisco defendeu Barros, que ele mesmo nomeou bispo de Osorno, em 2015, em meio a acusações de que o sacerdote teria protegido Fernando Karadima – padre que havia sido condenado quatro anos antes, pela própria Igreja, por pedofilia.

“No dia em que me trouxerem uma prova contra o bispo Barros, falarei”, disse o papa na ocasião, durante a visita ao Chile. “Não há nenhuma prova. Tudo é calúnia”, acrescentou. Juan Carlos Cruz, uma das vítimas de Karadima, respondeu ao papa no Twitter. “Como se eu pudesse tirar uma selfie enquanto Karadima abusava de mim, enquanto Juan Barros estava parado ao lado, vendo tudo”.

Barros sempre negou as acusações. Mas os protestos levaram o papa a encomendar nova investigação, ouvindo testemunhos de bispos e das vítimas de abuso sexual no Chile. Quando recebeu os resultados, detalhados num documento de 2,3 mil páginas, Francisco novamente pediu perdão. Só que desta vez por ter errado na sua avaliação.

Em maio, todos os 34 bispos chilenos pediram demissão. A Conferência Episcopal do Chile confirmou que o papa aceitou as renúncias de Barros e de mais dois bispos: Cristián Caro e Gonzalo Duarte.