33 mil assinam petição que pede retratação da TV Cultura com Manuela
Uma petição online que já conta com mais de 33 mil assinaturas cobra retratação da TV Cultura por conta da postura "desrespeitosa e machista com que a pré-candidata Manuela D’Ávila foi tratada no programa Roda Viva".
Publicado 27/06/2018 10:52
A pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB foi a entrevista do programa na segunda-feira (25) e foi alvo de sucessivas interrupções dos entrevistadores, entre os quais dois integrantes de campanha de pré-candidatos adversários, sendo um da campanha de Bolsonaro e outro de Marina escalados pela emissora.
Manuela recebeu a solidariedade de diversas personalidades políticas, artísticas, intelectuais e de movimentos sociais, além de outros pré-candidatos como Guilherme Boulos e Ciro Gomes.
A repercussão foi por conta do comportamento dos entrevistadores, que a todo momento usavam bordões conservadores e anti-comunistas para questionar Manuela ao mesmo tempo que não a deixavam falar.
Em nota, a União Brasileira de Mulheres (UBM) manifestou repúdio e indignação "à forma machista e misógina como foi tratada" Manuela
Para a entidade, as interrupções são "inaceitáveis" e "visou constrangê-la e silencia-la". A nota lembra ainda que o Brasil ocupa a 161ª posição no ranking de 186 países sobre a representatividade feminina no poder executivo, atrás de todos os outros países do continente americano.
"As mulheres são a maioria do eleitorado brasileiro e estão sub-representadas nos espaços de poder. Basta! Não vão nos intimidar, não vão nos calar", afirma a entidade por meio da nota.
"O que está acontecendo com a TV Cultura?", questionou a jornalista e apresentador Astrid Fontenelle. "O tradicional programa Roda Viva deu ontem uma aula de machismo contra a candidata Manuela D´Ávila", completou.
A filósofa e escritora Marcia Tiburi afirmou que Manuela "é linda, preparada, inteligentíssima, simpática, tudo o que há de bom, ou seja, insuportável para os tradicionais donos do poder e seus lacaios".
A atriz Patrícia Pillar também divulgou em sua rede social o abaixo-assinado com pedido de retração.
Segundo levantamento, Manuela foi interrompida oito vezes mais que outro pré-candidato entrevistado pelo mesmo programa, deixando claro que não estavam interessados em ouvir Manuela.
Diante disso, um grupo de mulheres criou um abaixo-assinado pedindo retratação da emissora. "Repudiamos a postura desrespeitosa e machista com que a pré-candidata Manuela D’Ávila foi tratada no programa Roda Viva na TV Cultura. Exigimos que a emissora cumpra seu papel de veículo público de comunicação dando espaço para que a a pré-candidata exponha de fato suas propostas, marcando uma nova data para um debate real e qualificado, já que ficou impossível no programa", afirma o texto da petição.
O grupo reitera que a razão para tal protesto e denúncia de atitude machista foi justamente o "número de interrupções feitas pelos entrevistadores convidados pelo canal e pelo mediador. A emissora deve também se retratar, pois a reprodução do machismo e do desrespeito a mulher foi propagada em rede nacional pública em uma sociedade com altíssimos índices de violência contra a mulher", completa o texto da petição.