Indústria recua 13,4%, em meio ao caos dos preços da Petrobras

Nem a crise financeira mundial conseguiu causar tanto estrago na indústria brasileira quanto o caos gerado pela política de preços da Petrobras. De acordo com estimativa do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a produção industrial no mês passado teve o pior desempenho de sua história, registrando queda de 13,4% na comparação com abril. O resultado está associado à greve dos caminhoneiros, motivada especialmente pelo alto preço do diesel.

máquinas e equipamentos

No auge da crise de 2008, houve mês em que a indústria recuou 11,2%. A greve que parou o país por 11 dias no último mês de maio teve impacto bem mais negativo sobre o setor. Se a projeção do Ipea for confirmada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial estará diante do seu pior momento desde 2002, quando iniciada a série histórica.

Automóveis e alimentos foram os ramos mais afetados, mas a atividade industrial foi atingida de maneira generalizada. As vendas do comércio varejista também sofreram com a greve, com uma previsão de recuo de 1,4% entre abril e maio.

A greve dos caminhoneiros foi a manifestação mais visível da insatisfação popular com a política de preços da Petrobras, colocada em prática pelo presidente da empresa, Pedro Parente, a partir de julho de 2017. Com essa nova diretriz, os preços de derivados de petróleo comercializados pela estatal passaram a acompanhar diariamente as oscilações internacionais da cotação do óleo cru, o que levou a sucessivos aumentos nos combustíveis no país. 

Após a greve, Parente terminou deixando o comando da Petrobras, mas a política de preços segue em vigor.