No Chile, 9 militares são condenados pelo assassinato de Victor Jara

Se passaram 45 anos desde que o cantor e compositor chileno Victor Jara foi assassinado pela ditadura de Augusto Pinochet (1873 – 1990), mas finalmente a justiça condenou os responsáveis. Nesta terça-feira (3), 9 militares foram condenados pela morte do artista e do dirigente do Partido Comunista, Littré Quiroga, ambos assassinados em setembro de 1973, após o golpe contra Salvador Allende (1970 – 1973).

Victor Jara - Divulgação

Os 8 militares responsáveis pela detenção, tortura e assassinato dos dois militantes foram condenados a 18 anos de prisão, trata-se de Hugo Sánchez Marmonti, Raúl Jofré González, Edwin Dimter Bianchi, Nelson Haase Mazzei, Ernesto Bethke Wulf, Juan Jara Quintana, Hernán Chacón Soto, Patricio Vásquez Donoso. O oficial acusado de encobrir o crime, Rolando Meno, foi condenado a cinco anos e 62 dias.

A morte de Victor Jara foi uma das emblemáticas da ditadura chilena, considerada a mais sanguinária dos regimes militares que assolaram o continente entre as décadas de 60 e 90.

O músico foi preso na Universidade Técnica do Estado, onde era professor, e levado para o Estádio Chile (que hoje se chama Victor Jara) junto com todos os alunos que estavam na aula no momento da prisão.


Victor Jara com a esposa, a bailarina Joan Jara, e as duas filhas do casal Manuela Bunster e Amanda Jara


Antes de ser assassinado, Victor Jara foi torturado e humilhado pelos militares durante quatro dias em frente às centenas de militantes que também estavam detidos. Mesmo nestas condições, ele conseguiu deixar um bilhete com seu último poema, que só foi divulgado anos depois.

Considerado um símbolo da resistência, cantor teve a língua cortada e as mãos esmagadas a coronhadas e depois os militares o obrigaram a tentar cantar e tocar para o público nestas condições. Só após toda essa tortura ele foi assassinado com 44 tiros.


Victor Jara tocando para crianças na periferia de Santiago do Chile 


O dirigente comunista Littré Quiroga, preso apenas cinco dias após o golpe, assim como Jara, foi torturado e sofreu abusos sexuais antes de ser assassinado também no Estádio Chile.

Os cadáveres de Jara e Quiroga só foram encontrados dias depois do assassinato. Estima-se que a ditadura de Pinochet tenha deixado mais de 40 mil mortos e desaparecidos.