Bolsonaro, o novo fantoche da elite brasileira

Teatral. Falas curtas, impactantes, mas vazias de propostas. O pré-candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro, divertiu a plateia com piadas prontas durante sabatina com representantes da indústria nacional.

Por Orlando Silva*

Jair Bolsonaro - Foto: Miguel Ângelo/CNI/Fotos Públicas

É chocante que parte da plateia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), elite industrial do Brasil, tenha assumido a condição de público de um tipo de stand up com frases irônicas e engraçadas, sem considerar a gravidade dos conteúdos. Se as eleições brasileiras fossem uma comédia, seria normal os aplausos de um público entretido com o show oferecido.

Fica cada vez mais claro que Bolsonaro é o novo fantoche da elite brasileira. É grave que um presidenciável manifeste tamanha ignorância em assuntos cruciais para o país, como economia e educação. Prestes a concluir o sétimo mandato de deputado, ele disse que ainda não encontrou tempo para estudar o básico sobre contas públicas: “Sou capitão do Exército, artilheiro, não estudei economia. Será que nós temos de entender de tudo?” Na sequência, falou que quem responde sobre o assunto é o economista Paulo Guedes, que o apoia.

A mesma estratégia foi utilizada para fugir de questionamentos sobre educação. “Não quero falar daquilo que não domino. Quem tem competência para tudo? Se nós temos de nos socorrer da esposa para administrar uma casa, quanto mais para administrar um país”, destacou Bolsonaro. Nesta fala, ele manifestou ainda a sua conhecida postura machista, o que agride a história de luta das mulheres brasileiras em defesa de mais igualdade, respeito e emancipação.

Outro fato gravíssimo foi o presidenciável dizer que tomará o lado dos patrões em disputas com os trabalhadores, que são a maior parte da população. Garantiu que fará valer a vontade dos “senhores”, sinalizando que podemos retornar quase ao tempo de escravidão no Brasil. Se for eleito, os trabalhadores terão de decidir entre ter “menos direitos e emprego ou todos os direitos e nenhum emprego”, ameaçou Bolsonaro.

As vaias ao outro pré-candidato Ciro Gomes, que defendia a revisão da reforma trabalhista, também indicam a falta de civilidade e pobreza da elite brasileira, que se mostra atrasada, sem perspectiva e sem projeto nacional. É um absurdo que um candidato seja convidado para um debate e não possa expressar livremente as suas ideias, sendo alvo de intolerância. Vale destacar que a visão de Ciro de que houve a precarização do mundo do trabalho é correta. Ele não falou nenhuma bobagem.

A CNI deveria ser um espaço de reunião da inteligência nacional para discutir o enfrentamento dos principais problemas do país. É chocante perceber que a sabatina revelou apenas a miséria intelectual de uma elite descompromissada, que tenta encontrar um novo fantoche para seu teatro de bonecos. O único objetivo é satisfazer seus interesses econômicos em detrimento dos brasileiros e do Brasil. O presidente ilegítimo Michel Temer é o brinquedo atual, que apresenta políticas públicas equivocadas para cumprir esse papel. Já houve outros na história nacional.

O certo é que, nas eleições de outubro, o povo dará um basta a essa situação e elegerá um nome comprometido com um país desenvolvido e socialmente justo para todos. A pré-candidatura de Manuela D’Ávila apresentada pelo PCdoB é uma excelente alternativa para o país. Chega de bobos da Corte!!!