70 ANOS da UPES – União Paulista dos Estudantes Secundaristas

São 70 anos de luta
70 anos de resistência
70 anos de defesa da educação e da juventude
70 anos de uma longa trajetória de amor e esperança

Por Lais do Vale*

upes

Em meio a um turbilhão de acontecimentos em 1948, o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) registra a fundação da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), um marco histórico para os estudantes secundaristas paulistas.

Há 70 anos, entre os dias 26 a 29 de Julho de 1948 acontecia o congresso da sua fundação, onde  um grupo de estudantes secundaristas, preocupados com o rumo da educação no estado e com os caminhos que nosso país estava seguindo, tomaram a decisão de fundar a Associação dos estudantes secundários do estado de São Paulo, que dois anos depois passou a ser nomeada de União Paulista dos Estudantes Secundaristas .

Até 1964, a UPES vinha em um avanço das suas bases, construindo grêmios estudantis e outras entidades, não só, mas também se ampliava na conscientização dos secundaristas frente às desigualdades sociais. Com toda essa ampliação, rodamos junto a UEE (União Estadual dos Estudantes) no projeto "UPES Volante" em defesa das reformas de base do governo Goulart.

Entretanto, em Março de 1964 tivemos uma ruptura democrática, o golpe militar. Cessando as atividades da UPES e todo seu avanço até então.  

Em 1967, clandestinamente, os estudantes paulistas voltam a se org

anizar e elegem um menino para presidir a entidade, seu nome era Antônio Guilherme Ribeiro Ribas. A UPES então passava por um período de alta repressão de todos aqueles que lutavam contra o regime ditatorial, por um país democrático e por uma nova escola. 

Ainda em sua gestão, Ribas foi preso no congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), viveu clandestinamente no Rio de Janeiro e pouco tempo depois virou um bravo guerrilheiro na região do Araguaia, onde foi morto pelos militares. E a UPES mais uma vez se vê encurralada.

Década de 80, início do processo de abertura política no país. O ano de 1982 foi marcado pela reconstrução da entidade. Foi nessa década que a UPES teve sua primeira presidenta, uma honra para nossa história.  

Passando por problemas estruturais, a UPES passa novamente por um período difícil na primeira metade da década de 90, até que em 1996, o município de Mauá, na região do grande ABC, é palco de mais um congresso de reconstrução.

De 2000 até 2018 passamos pelas mais diversas situações. Vivemos anos de avanços populares, onde foi possível conquistarmos o Passe-Livre estudantil, políticas de ingresso nas universidades públicas como PROUNI e FIES. Discutimos e aprovamos o PNE (Plano Nacional de educação) e o PEE (Plano Estadual de educação), conquistamos a lei do Grêmio Livre estudantil e fomos os protagonista na Primavera Secundarista, período onde os estudantes secundaristas mostraram ao país o potencial político que temos, da garra, vontade e esperança de uma escola e um país melhor e mais justo.

Foi na Primavera Secundarista que a UPES se elevou, alcançou um patamar gigante e virou referência nacional no movimento estudantil. O estado de São Paulo foi palco das mais duras e belas lutas. 

  

Os secundas estavam lidando com fechamento de escola e falta de merenda, além dos problemas estruturais das nossas escolas públicas. Foi então que ocupamos centenas de escolas paulistas na campanha do "Não feche minha escola" contra a reorganização escolas proposta pelo então governador do estado, Geraldo Alckmin e ocupamos a ALESP, um ano depois, na defesa pela CPI da Merenda. 

Passamos por um golpe de estado e um processo de retrocessos, como a então Emenda constitucional 95 que congela os investimentos na saúde e educação pública por 20 anos, a "Reforma do ensino médio" que muito prejudica nossa educação, para além do PL "Escola sem partido" que nada mais é do que uma "Lei da mordaça". 

Neste cenário que apareço, tendo a honra de estar à frente da UPES, carregando em meu coração o sentimento dessa primavera secundarista, o sentimento de que sempre que um camarada cai ele nasce em cada um de nós, como Ribas.

É com essa história que marcamos hoje 70 anos. Com a história de todos aqueles meninos e meninas que não abaixam a cabeça diante de um país desigual e de uma escola que não nos cabe. É com essa história, que hoje damos parabéns a todos os estudantes secundaristas paulistas que vivem, sobrevivem e resistem dentro das nossas escolas.

Uma longa vida a União Paulista dos Estudantes Secundaristas!
A quem possa interessar, sigamos em frente. 💛