Gleisi, Luciana e Haddad anunciam as bases da campanha PT-PCdoB

O anúncio oficial da coligação entre PT e PCdoB ocorreu no final da noite deste domingo (5). Ao anunciar a aliança, os partidos informaram que o ex-presidente Lula convidou a deputada Manuela D’Ávila para ocupar a vaga de vice na sua chapa.

PCdoB e PT aliados - Foto: Reprodução

Gleisi Hoffmann, presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), ao anunciar a aliança com o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), disse que estava comunicando formalmente que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedira que ela convidasse a candidata Manuela D’Ávila para ser sua vice. Após explicar que o anúncio deveria ser formalizado dentro do prazo estipulado pela Justiça Eleitoral para não dar motivos a controvérsias judiciais, Gleisi Hoffmann lembrou que o PT sempre atuou em coligação, com o candidato a vice indicado por outro partido — com exceção de 1994, por circunstâncias excepcionais.

Segundo ela, a pré-candidatura de Manuela D’Ávila cumpriu papel importantíssimo na construção da unidade formalizada no domingo (5), um importante acordo do campo progressista e popular para dar sustentação à candidatura do ex-presidente Lula. Gleisi Hoffmann também disse que o PT tem carinho, respeito e consideração por Manuela D’Ávila. “E muito nos alegra esse convite feito pelo presidente Lula”, destacou, lembrando que essa aliança fortalece a presença da mulher e dos jovens na disputa eleitoral. De acordo com a presidenta do PT, Manuela D’Ávila é uma pessoa de força, vigor e determinação.

Ela lembrou também que as conversas entre os dois partidos definiram a tática eleitoral para assegurar a manifestação do ex-presidente Lula, além da estratégia de campanha até a regularização da situação judicial da chapa. Nesse processo, a representação do candidato caberá ao ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, pela proximidade com Lula e pela identificação com o PT. A decisão foi tomada conjuntamente pelas direções do PT, do PCdoB e do Pros, que também está na coligação. 

De acordo Gleisi Hoffmann, a pré-campanha da coligação começa imediatamente. “Fernando Haddad e Manuela D’Ávila vão sair pelo Brasil com uma agenda firme, uma agenda forte, defendendo um programa de governo progressista e popular, que o PCdoB, o PT e o Pros construíram para esse processo. E vamos estar juntos e irmanados também com o apoio do PCO”, anunciou.

Luciana Santos

A presidenta do PCdoB, Luciana Santos, disse que mais uma vez os dois partidos de esquerda estão escrevendo a história. Segundo ela, o país está diante de um cenário complexo desde que projeto nacional foi interrompido pelo impeachment fraudulento da presidenta Dilma Rousseff. De acordo com ela, é necessário derrotar a agenda antipovo e antinacional imposta ao povo brasileiro pelo golpe de Estado. Nesse sentido, afirmou, as eleições ganham uma dimensão extraordinária.

Nesse embate, disse Luciana Santos, está a oportunidade de retomada do projeto nacional e popular no Brasil. “É por isso mesmo que as nossas forças, com a responsabilidade de termos sido protagonistas, sobre a liderança do Partidos dos Trabalhadores, no ciclo político de Lula e Dilma, nos 13 anos em que houve enfrentamento das desigualdades regionais, em que assistimos ao Brasil sair do mapa da fome, em que vimos a ampliação das universidades públicas e a expansão das escolas técnicas, que vimos, portanto, um período virtuoso de crescimento econômico, de inclusão social, precisam reafirmar diretrizes e compromissos, da retomada não só do que já existia, mas também com desafios novos diante de circunstâncias tão nefastas”, enfatizou.

De acordo com a presidenta do PCdoB, o retrocesso foi muito grande, avassalador. Segundo ela, o Brasil não suporta mais essa agenda ultraliberal, que dá a dimensão da responsabilidade da esquerda nessa batalha. Luciana Santos lembrou que o PCdoB defendeu, desde o início do processo eleitoral, a unidade ampla, de todos os seguimentos progressistas. “Nos embandeiramos disso com convicção por achar que esse é o caminho a percorrer. Houve muito esforço nessa direção”, rememorou.

Para ela, o ideal seria uma frente mais ampla, com a participação do candidato Ciro Gomes “para fazer o desenho de uma frente mais ampla possível”. “Mas estamos fazendo o desenho da frente que foi possível construir. Entendendo que vai ser necessário um forte debate de ideias, um pacto de muita afirmação, de muita identidade programática das candidaturas do nosso campo”, afirmou, citando também a candidatura do PSOL.

Segundo Luciana Santos, essa é a disposição da coligação. Fazer com que o convite de Lula e do Partido dos Trabalhadores a Manuela D’Ávila se transforme em ações políticas em todo o país, “pregando a unidade, pregando a necessidade de saídas para essa crise, desempenhando um papel extraordinário”.

A presidenta do PCdoB lembrou que Manuela D’Ávila sempre disse que não seria óbice a qualquer tipo de unidade política. “E estamos construindo a unidade que foi possível no primeiro turno”, destacou, enfatizando que Fernando Haddad e Manuela D’Ávila vão percorrer o país debatendo ideias e fazendo com que a relação de trinta anos entre PT-PCdoB novamente produza bons resultados. E terminou registrando que o convite para o PCdoB ocupar a vice “nos honra muito e temos certeza de que vamos fazer um bom combate, um bom debate de ideias, e vencer as eleições pela quinta vez consecutiva”.

Fernando Haddad

O ex-prefeito Fernando Haddad iniciou o discurso falando da honra de estar com duas mulheres que presidem importantes partidos de esquerda. E destacou o papel da “Manu”, segundo ele uma “mulher extraordinária”, que “vem fazendo um trabalho de peregrinação pelo país, levantando bandeiras, um capital político importante no campo progressista num país que sofre ameaças contínuas de setores obscurantistas da sociedade brasileira, que acabaram ganhando voz no último período”.

Segundo ele, a coalizão liderada pelo PT é uma resistência que está se estabelecendo, “muito importante para a unidade em torno dessa figura extraordinária, que é o Lula”. Para Haddad, a união se dá também na certeza absoluta da inocência de Lula, na defesa incondicional da pessoa e do maior líder político do Brasil. “Estivemos juntos, inclusive nas derrotas. Perdemos juntos e ganhamos juntos”, sintetizou.

De acordo com Fernando Haddad, o constrangimento e a perseguição política têm feito crescer o entusiasmo, a determinação e a vontade do ex-presidente Lula de voltar a governar, “de resgatar a dignidade das pessoas”. “Tenho certeza que estamos anunciando ao país uma grande aliança, rumo a esse resgate. Não tenho dúvida de que vamos ter êxito para cumprir fielmente aquilo que a nossa militância desejou e expressou nos programas anunciados. Vamos agora compatibilizar nossos programas, que têm desejos comuns, anseios comuns, para compartilhar com a sociedade brasileira”, afirmou.

E finalizou dizendo que vai ser um prazer cruzar o pais levando a voz de Lula. “O PCdoB é um parceiro histórico do PT. Nos governos Lula e Dilma teve um papel extraordinário na elaboração e formatação de importantes ações. Falo com a experiência de quem foi ministro da Educação”, lembrou, citando diálogos com a União da Juventude Socialista (UJS) para a elaboração de programas voltados para os estudantes. “O Brasil vai voltar a festejar o seu grande futuro, o seu grande destino”, concluiu.