Trabalhadores e movimentos sociais unidos defendem os direitos do povo

Esta sexta-feira, 10 de agosto, será mais um dia de protestos nacionais contra os efeitos do programa de governo implementado por Michel Temer (MDB) desde o golpe que derrubou a presidenta eleita Dilma Rousseff. Organizada pelas principais centrais sindicais do país, com apoio das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, a manifestação defende que a agenda de Michel Temer deve ser rejeitada pelo povo nas urnas. Confira locais dos protestos AQUI.

Por Railídia Carvalho

protesto 10 de novembro 2017 centrais contra reforma trabalhista - Tiago Macambira

"O Basta será um grito de denúncia e rebeldia, mas sobretudo, de buscar organizar os 65,6 milhões que estão em condições precárias, informais e no desalento no país. O êxito dessa jornada nacional ecoará nas urnas deste ano e a classe trabalhadora será a maior depositária contra esse modelo", declarou ao Portal Vermelho Divanilton Pereira, presidente em exercício da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Basta de golpe contra o trabalhador e o povo

O dia será marcado por paralisações nos locais de trabalho (petroleiros, condutores e bancários), assembleias, marchas e panfletagem. O ato nacional ocorrerá mais uma vez em frente à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), às 10h, para onde diversas categorias de trabalhadores vão se dirigir em marcha pelas ruas da capital paulista. Sindicalistas também virão do interior participar do ato, entre eles metalúrgicos do ABC paulista.

A combinação Temer/Fiesp/CNI resultou na aprovação da reforma trabalhista e da terceirização, legislações responsáveis pelo aprofundamento da crise econômica e pelo aumento do desemprego e do desalento, denunciam os sindicalistas.

"O fracasso do golpe no Brasil, em suas dimensões econômica, social e política, provocou um retrocesso civilizacional, sobretudo sobre os que vivem da renda de seu trabalho. As quilométricas filas com homens e mulheres, que sob um forte frio no Vale de Anhangabaú (foto), buscavam emprego nestes últimos dias é a resultante maxima e dolorosa da agenda ultraliberal conduzida por Temer e seus aliados", analisou Divanilton.

Basta de desemprego

O combate ao desemprego é uma das bandeiras do Dia do Basta, que reivindica a revogação da reforma trabalhista, da lei da terceirização e também da Emenda que congelou por 20 anos investimento em saúde e educação. Os trabalhadores também pregam não à reforma da Previdência, que voltou à pauta, e se posicionam contra a privatização das estatais brasileiras.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o Brasil tem 13 milhões de empregados. Entre os empregos criados, cerca de 1 milhão no último ano, 92,2% são precários, ou seja, o trabalhador não consegue obter renda para sustentar a família.

Basta de precarização

É o caso de trabalhadores dos serviços de limpeza que, na baixada santista, tem recebido R$ 320, 00 por um mês de trabalho (intermitente ou parcial), ou seja, um terço a menos que o salário mínimo.

Segundo Paloma Santos, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação de Cubatão, Praia Grande, São Vicente, Santos, Guarujá e Bertioga (Sindilimpeza), a reforma trabalhista criou condições para o empresário demitir o trabalhador que faz oito horas para contratar pelo trabalho intermitente ou em tempo parcial. Na prática, nesse tipo de contrato o trabalhador não acessa direitos e não consegue contribuir para a Previdência Social.

Basta de desalento

As estatísticas confirmam a precarização que se consolida no mercado de trabalho brasileiro: Segundo o IBGE são 65,6 milhões de trabalhadores fora da força de trabalho, o que significa que não trabalham e nem procuram emprego. Neste percentual há os desalentados que são os que deixaram de procurar porque não encontraram. Há dois anos o trabalhador conseguia trabalho em seis meses. Atualmente o tempo para conseguir nova colocação é de 11 meses.

“Quando foram à mídia defender a nefasta reforma trabalhista disseram que o fim da CLT e a legalização dos bicos gerariam mais de um milhão de empregos só este ano. O que eles estão gerando é desalento, desespero entre os trabalhadores que aceitam qualquer emprego ou vão trabalhar por conta para a família não morrer de fome”, declarou ao portal da CUT, Vagner Freitas, presidente da central.

Basta de Estado mínimo

As bandeiras que estarão nas ruas nesta sexta-feira fazem parte da Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora, um conjunto de 22 propostas para o país sair da crise e retomar o crescimento com geração de empregos de qualidade.

“A nossa intenção, com a realização do “Dia do Basta”, é a de convencer a população em geral a aderir ao movimento, que é, resumidamente, um movimento em defesa do Brasil e dos trabalhadores brasileiros, baseado na “Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora”, defendeu Miguel Torres, presidente em exercício da Força Sindical.

O dirigente enfatizou que é hora “de arregaçar as mangas” porque as escolhas econômicas do governo atingiram “os mais humildes”. “É preciso sair às ruas e mostrar todo o nosso descontentamento”, completou o dirigente.

O aumento da mortalidade infantil, após 26 anos em queda, é um dos efeitos do congelamento de gastos proposto e aprovado pelo governo Temer no final de 2016. Estudo da Fiocruz aponta que a mortalidade pode aumentar considerando que o teto de gastos cortou verbas de programas de transferência de renda e saúde da família, por exemplo.

Basta de austeridade fiscal para massacrar o povo
 

“Através da Agenda, as centrais sindicais propõem que o Estado comece a atuar para fortalecer o mercado interno através da geração de emprego de qualidade, através da recuperação dos salários com a reversão da reforma trabalhista. Investimento produtivo e gasto social geram demanda interna. Neste momento de recessão é o Estado que tem que gastar, mas o que acontece neste governo é o contrário”, enfatizou Clemente Ganz, diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).

Confira AQUI a Agenda Prioritária da Classe Trabalhadora