Explosão em refinaria em SP: Efeito da política de cortes da Petrobras

Um incêndio atingiu a Refinaria de Paulínia (Replan), no interior paulista, na madrugada desta segunda-feira (20). As chamas tiveram início após a explosão do tanque de águas ácidas, que fica no chamado craqueamento, unidade que acabou de passar por manutenção e sofreu uma série de intervenções em seus equipamentos, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro).

INcêndio e explosões na refinaria da Petrobras em Paulinia (SP) na madrugada de 20 de agosto de 2018 - reprodução

Segundo os petroleiros da Replan, o fogo também atingiu a unidade de destilação da Refinaria, causando o rompimento de várias linhas de tubulações; houve três explosões e os trabalhadores tiveram de fugir do local.

“Foi muito grave o que aconteceu, poderia ter sido uma calamidade”, denuncia o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi Filho.

Para Simão, a falta de trabalhadores é o que diminui a segurança e contribui para que acidentes como esse ocorram. Segundo ele, além da Replan, as demais refinarias da Petrobras estão trabalhando com menos pessoas devido à atual política da direção da Petrobras nomeada pelo ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP).

“Tivemos dois Programas de Desligamento Voluntário (PDV’s) na Petrobras e até agora não teve reposição do efetivo e nem concurso público. As refinarias estão trabalhando com o efetivo reduzido e, depois da greve dos caminhoneiros, passaram a operar com maior capacidade, o que exige mais demanda dos trabalhadores que ficaram”, explicou Simão.

É o que reforça também o coordenador regional de Campinas da FUP e trabalhador da Replan, Gustavo Marsaioli. Ele conta que a unidade do acidente teve muitas paradas de manutenção por falta de trabalhadores e a empresa está colocando terceirizados sem experiência para fazer o serviço.

“A gente não descarta a tese de que o enxugamento das manutenções por falta de funcionários tenha sido o real motivo do acidente. Nós, que somos da manutenção, percebemos que as paradas das refinarias para fazer o serviço estão tendo pausas menores para não parar a produção”, explica.

Marsaiolli disse, ainda, que o sindicato está dialogando com a categoria porque os trabalhadores estão indo trabalhar assustados.

“Foi muita sorte não ter acontecido nada grave com ninguém e o sindicato irá até o fim para descobrir o que aconteceu e cobrar da empresa as ações necessárias para evitar que outro acidente como este aconteça e acabe matando muitos trabalhadores”.

Os funcionários do administrativo foram dispensados nesta segunda-feira (20) devido à falta de segurança. Somente os trabalhadores da operação e manutenção irão trabalhar. A Petrobras informou que a produção foi preventivamente paralisada e será instaurada uma comissão para investigar as causas da ocorrência.

A Replan é a maior refinaria da Petrobras, com capacidade de processamento de 434 mil barris de petróleo por dia. A produção corresponde a 20% do refino de petróleo no Brasil.

Confira o vídeo do momento do incêndio publicado no portal CUT Brasil