Sem a revogação do teto de gastos, desmonte da ciência continua

A situação orçamentária do setor, que sempre esteve distante da ideal, se agravou nos dois últimos anos. Em 2017, o orçamento, já reduzido, sofreu contingenciamento de 45% logo no começo do ano. Por meio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), houve pressão sobre o governo e redução do contingenciamento.

Ciência - Arquivo EBC

Mesmo assim, o valor executado foi de R$ 4,6 bilhões, metade do que se vinha utilizando em 2013. Para 2018, o orçamento aumentou um pouco, mas continuou ruim, na casa de R$ 4,5 bilhões, que caiu para R$ 4,1 com um contingenciamento, conforme avaliação da entidade.

Em entrevista ao Sputinik Brasil, Ildeu de Castro Moreira, presidente da SBPC, afirmou que a situação da ciência e tecnologia é “drástica”.

“E nós temos a Emenda Constitucional 95, que congela esses valores para ciência, tecnologia e outras áreas no valor mais baixo que nós tivemos em uma década e meia. Então isso significa uma questão catastrófica para o futuro brasileiro. Compromete claramente a qualidade de vida e a própria soberania do país”, disse.

Em meio aos desmontes do governo Temer, a área de ciência e tecnologia continuará ameaçada sem a revogação do teto dos gastos, mas também se não houver a volta do Ministério da Ciência e Tecnologia, extinto em 2016.

Para o presidente da SBPC, o Brasil vai no sentido contrário de outros países que, em tempos de crise, investem mais na área de pesquisa.

“Todos os países desenvolvidos do mundo, inclusive países que tiveram alguma dificuldade financeira em momentos de crise, apostam na ciência como uma possibilidade de reversão do quadro”, apontou o presidente, e acrescentou também que “a ciência é um instrumento, hoje, fundamental para uma sociedade. E a gente está vivendo esse momento de desmonte muito sério”, finalizou.