O sucesso do plano de Maduro representaria um golpe ao modelo do FMI

O plano de recuperação proposto por Nicolás Maduro, além de retomar a perspectiva de superação do modelo rentista que caracteriza a economia venezuelana, tem o potencial de barrar o que tem sido a arma mais efetiva contra o processo revolucionário até o momento: a guerra econômica.

Por Aline Piva

Bolívar Soberano - Reuters

Pouco mais de uma semana depois do início da implementação do plano de recuperação econômica na Venezuela, a reação internacional não poderia ser mais previsível: tanto a mídia corporativa, quanto os suspeitos de sempre (como Luís Almagro e Marco Rubio) fazem previsões catastróficas, requentando velhas matrizes de opinião para minar a confiança no processo.

A reação dos vizinhos na região tampouco trouxe novidades. Nos Estados Unidos, toma novo impulso a proposta de um embargo petroleiro contra a Venezuela (com consequências devastadoras para o povo venezuelano, é sempre importante lembrar). Colômbia anunciou que abrirá seus portos para que um navio de guerra estadunidense traga “ajuda humanitária” para a Venezuela – o que foi denunciado por Evo Morales como uma “invasão encoberta do governo dos Estados Unidos”.

O Brasil não fica para trás: aproveitando-se da histeria da mídia corporativa com a “ameaça da crise migratória” (narrativa facilmente descontruída com uma análise comparativa dos fluxos migratórios na região), Temer decretou a militarização de mais um Estado da Federação, reforçando a tendência de avanço dos militares nas esferas civis do país.

Mas do que eles têm medo?

O plano de recuperação proposto por Maduro, além de retomar a perspectiva de superação do modelo rentista que caracteriza a economia venezuelana, tem o potencial de barrar o que tem sido a arma mais efetiva contra o processo revolucionário até o momento: a guerra econômica.
Além disso, ao implementar a desdolarização da economia, a Venezuela coloca em xeque mais de 100 anos de hegemonia do dólar como moeda de referência da economia mundial – tendência que deve ser seguida por China e Rússia.

Mas o que é ainda mais importante: o sucesso do plano proposto por Maduro representaria um golpe mortal aos modelos de recuperação tradicionalmente impostos pelo FMI e similares.
Afinal, a quem interessa um programa de recuperação econômica que expanda o potencial econômico do país sem atrelar seu futuro aos milionários empréstimos – e às todas as demandas que isso implica – dos organismos multilaterais desenhados para manter o status quo?

Assista ao vídeo da analista: