Alemanha: Merkel faz discurso contra xenofobia e neonazismo

Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha, repudiou ataques xenófobos e o uso de slogans nazistas em seu discurso enfático no Parlamento desta quarta-feira (12)

Por Alessandra Monterastelli 





Angela Merkel

O discurso da chanceler vem após duas grandes manifestações neonazistas na cidade de Chemnitz, na semana passada; os manifestantes, em sua maioria membros de grupos radicais que pregam a "caça" aos imigrantes, pressionaram o governo de Merkel para expulsar os estrangeiros. 

O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve espaço no governo após conseguir 12% dos votos nas eleições de setembro de 2017, foi um dos responsáveis por convocar as marchas neonzaistas, e atualmente está sendo investigado pelo Estado acusado de envolvimento com grupos anti-Islã. 

Merkel é acusada pela oposição xenófoba de ter aberto as fronteiras alemãs aos imigrantes durante a crise dos refugiados de 2015, quando milhares de pessoas pediram asilo na Europa devido especialmente à Guerra da Síria, mas também a outros conflitos na África e no Oriente Médio. 

As críticas a Merkel, nesse momento, favorecem o AfD. O partido de extrema-direita vem crescendo e ameaça a segunda posição do Partido Social Democrata (SPD), que faz parte da coalizão com a CDU de Merkel, nas eleições previstas para outubro na Baviera e em Hesse. 

“Não existe desculpa ou razão para se caçar pessoas, usando violência e slogans nazistas, mostrando hostilidade a pessoas de aparência diferente, que têm um restaurante judeu, para ataques a policiais”, disse Merkel ao Bundestag, a câmara baixa do Parlamento, nessa quarta (12).

“Não permitiremos que grupos inteiros de nossa sociedade sejam excluídos na surdina”, completou ela, segundo informa a Reuters, acrescentando que judeus, cristão e ateus têm lugar na sociedade alemã e que a dignidade humana é fundamental.

A chanceler reagiu a um discurso do líder do AfD, que disse que a “paz doméstica” da nação está em risco, e que "por mais repugnantes que sejam as saudações a Hitler", "o evento realmente grave em Chemnitz" teria sido o assassinato de um alemão supostamente cometido por dois requerentes de asilo, apesar das investigações ainda estarem em curso.

Após as manifestações neonazistas e xenófabas em Chemnitz, atos pró-imigrantes foram organizados para confrontar o discurso de rejeição da extrema-direita, e tentar mostrar que a Alemanha quer ser tolerante.