Bolsonaro dizia não entender de economia, quer Guedes calado após CPMF

Desde que se lançou candidato a presidente, Jair Bolsonaro (PSL), quando era perguntado sobre quais as suas propostas para a economia, ele admitia desconhecer de assuntos econômicos e dizia que quem responde por ele nessa área é o consultor Paulo Guedes — o seu ‘Posto Ipiranga’.

Por Dayane Santos

Apesar da afirmação ser um completo absurdo, já que um presidente deve comandar as diretrizes de seu governo, e não um terceiro, era assim que Bolsonaro agia e Paulo Guedes estava seguindo a cartilha, até que seu guru econômico resolveu avançar nas declarações e revelou parte de seu plano de governo com a implementação de um novo imposto aos moldes da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), caso a chapa do PSL seja eleita.

A repercussão do assunto causou tensão entre os aliados e forçou Bolsonaro a explicar o assunto. A saída foi dizer que ele não tinha sido consultado pelo economista sobre o assunto. A resposta encontrava falso amparo no fato de que o candidato segue internado da unidade de terapia semi-intensiva do Hospital Albert Einstein após ataque em evento de campanha.

Após a polêmica, e com o crescimento do candidato do campo progressista Fernando Haddad, a equipe tratou logo de apagar o incêndio. Em entrevista ao jornal O Globo, Guedes admitiu que a criação de um imposto sobre transações financeiras está em análise pela campanha, mas disse que a medida não significaria aumento de carga tributária. A ideia, segundo o economista de Bolsonaro, seria substituir impostos federais por um novo tributo, um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e não criar uma nova tributação.

"Isso acabou levando um susto a todos nós", admitiu o coordenador da campanha, o Major Olímpio. "Nada disso foi submetido à consideração do presidente [Bolsonaro]", completou.

Bolsonaro também usou seu perfil no Twitter para negar a proposta. "Ignorem essas notícias mal-intencionadas dizendo que pretendemos recriar a CPMF. Não procede. Querem criar pânico pois estão em pânico com nossa chance de vitória. Ninguém aguenta mais impostos, temos consciência disso", escreveu.

Mas a crise na equipe de campanha de Bolsonaro tem demonstrado que tem muito cacique para pouco índio em seu reduto. E se isso acontece num processo eleitoral, imagine num eventual governo em que a complexidade é muito maior.

Na semana, Bolsonaro já teve que solucionar uma crise provocada pelas declarações de seu vice, o general Hamilton Mourão (PRTB). Dizem que o presidenciável determinou que eu vice e o conselheiro na área econômica, Paulo Guedes, reduzam suas atividades eleitorais.

A linha geral é: declarações polêmicas só a de Bolsonaro. Já que o candidato não é conhecido por seu discurso de tolerância e estadismo. Muito pelo contrário.

Com uma agenda nacional de protestos marcada para este final de semana contra o discurso machista e misógino de Bolsonaro, o presidenciável resolveu postar nas redes sociais um vídeo falando, em tom emocionado, de sua filha Laura, a primeira depois de quatro filhos homens. Em 2017, Bolsonaro disse: “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, aí no quinto eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.

Agora, em busca de se auto humanizar, Bolsonaro diz no vídeo de pouco mais de um minuto: "Tenho uma enteada em casa, minha esposa era mãe solteira e falou que a grande realização do casamento é ter filhos".

Ele disse, destacando que desfez uma vasectomia, que Laura nasceu e isso mudou a vida da família. Ao falar que sua mulher foi mãe solteira, ele tenta também se contrapor às declarações de seu vice Mourão, que chamou de desajustadas as famílias cujos filhos são criados sem pai.