Eliziane Colares: Pra não dizer que não falei das flores

“Nunca mais seremos omissas. Nunca mais ficaremos caladas. Nunca mais subestimaremos nossa capacidade de nos mobilizar e fazer o mundo ouvir a nossa voz contra o discurso de ódio, de retrocesso e desrespeito à mulher. Com o País de braços dados conosco, ou não, 29 de setembro de 2018 ficou para a história e renovou nosso orgulho de ser mulher”.

Por Eliziane Colares*

#elenão - Foto: Midia Ninja

Mesmo que o desrespeito ainda encontre forças. Mesmo que o preconceito, a misoginia e a homofobia nos cerquem. Mesmo que a violência ainda nos ameace. Mesmo que nos ofendam. Mesmo que nos persigam. Mesmo que não chorem nossas dores. Mesmo que provoquem nossas lágrimas. Mesmo que nos classifiquem como feias ou bonitas; sujas ou higiênicas. Mesmo que desvalorizem nosso trabalho. Mesmo que desqualifiquem a nossa forma de educar. Mesmo que façam piadas. Mesmo que ajam como se fossem superiores. Mesmo que continuem cegos ou façam de conta que não veem. Mesmo que não denunciem.

Mesmo que sejam omissos, coniventes ou até cúmplices. Mesmo que façam apologia aos torturadores. Mesmo que pisem no nosso jardim e destruam nossas flores. Mesmo que ameacem trazer as armas. Mesmo que muitos não percebam. Mesmo que muitos não se importem. Mesmo que muitos ainda não tenham consciência ou, até, lhes falte coragem. Mesmo que muitos não acreditem. Mesmo que muitos "amigos" ou até "amigas" não estejam ao nosso lado. Mesmo que tudo isso continue a acontecer, nunca mais aceitaremos.

Nunca mais seremos omissas. Nunca mais ficaremos caladas. Nunca mais subestimaremos nossa capacidade de nos mobilizar e fazer o mundo ouvir a nossa voz contra o discurso de ódio, de retrocesso e desrespeito à mulher. Com o País de braços dados conosco, ou não, 29 de setembro de 2018 ficou para a história e renovou nosso orgulho de ser mulher. Houve quem duvidasse da nossa força, mas, nas ruas, arrastamos multidões. No Brasil, 30 cidades entoaram nosso grito. Mundo afora, mais de 60 metrópoles, como Paris, Lisboa, Cidade do Cabo, Nova Iorque, Barcelona, Dublin, Milão, Sydney, Berlim, Montreal, foram às ruas junto conosco. E foi aí que o mundo inteiro testemunhou com quantas "fraquejadas" se faz uma revolução.


*Eliziane Colares é publicitária e empresária.

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