'Bolsonaro destampou o que há de pior nas pessoas', diz pai de jovem estuprada

Em entrevista à Ponte, o advogado e ex-vereador de São Paulo, Ari Friedenbach, pai da jovem Liana Friedenbach, que foi estuprada e morta na Grande São Paulo, em 2003, afirmou que tem verdadeira ojeriza a campanha de Jair Bolsonaro (PSL).

Liana Friedenbach e o namorado, assassinados em 2003

“Bolsonaro destampou o que há de pior nas pessoas”, afirma ele, pedindo desculpas por ‘às vezes chorar’. O motivo é a indignação com apoiadores do candidato de extrema direita que têm usado o assassinato de sua filha para fazer campanha.

“Quem vota no Bolsonaro não merece meu respeito. É falta de caráter. Eu até tenho raiva do Bolsonaro, mas eu tenho mais raiva de quem vota nele. Quem vota no Bolsonaro mostra falta de caráter, falta de cultura, falta de conhecimento. Falta, no mínimo, de leitura de história", disse.

Ari Friedenbach lembra que sua origem judaica e fala da sua religiosidade. "Sabe, eu não sou um judeu religioso, mas, por exemplo, essa mistura que tem acontecido de política com fé. No final das contas, quando o cara vai na igreja de domingo, na mesquita, na sinagoga, no terreiro, qualquer coisa que o valha, no fundo todo mundo está buscando a mesma coisa por caminhos diferentes. É um Deus, uma força maior, mas o destino é o mesmo. É uma coisa de respeito ao próximo, ética, o objetivo é o mesmo. Agora, eu acho inadmissível que a pessoa vá na igreja, coma a hóstia e, quando sai, dali pra frente, da porta para fora, é um filho da puta. É uma coisa antagônica. E faço essa comparação porque no fundo é isso. O cara quer ter essa pureza evangélica, judaica, ou seja lá o que for, e é um canalha. Porque para mim quem vota no Bolsonaro é como ele: canalha”, explica.

Na entrevista, Friedenbach também afirmou que tem recebido diversas mensagens de ódio em suas redes sociais. “Ari, tua filha morreu na mão da marginália que o PT, PCdoB, PSOL e PDT apoiam. Tu é uma vergonha para o mundo”, escreveu um rapaz de Porto Alegre, em mensagem privada no Facebook.

Ari respondeu em público na mesma rede social, acusando-o de covarde e canalha. “Eu tenho raiva do Bolsonaro, mas tenho mais raiva de quem vota nele. Agora é plebiscito. Não tem mais essa de PT ou PSL. É fascismo ou democracia“, afirma.

Ao explicar porque classifica Bolsonaro dessa forma, Ari afirma: "Um cara que fala que não aceita gay, negro, qualquer pessoa diferente dele. Outro dia minha mãe falou de algo que leu, que era uma provocação assim: vamos trocar gays por judeus? Fiquei pensando nisso, porque eu tenho um problema muito sério com a comunidade judaica, porque muita gente acha que sou comunista. Eu não sou comunista. A questão é que não aceito as diferenças sociais que a gente tem no Brasil. Aí, se isso é ser comunista, então beleza, eu sou comunista".