Deputada quer punição para postagem misógina de apoiador de Bolsonaro

A deputada Augusta Brito (PCdoB), procuradora especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Ceará, qualificou como misoginia a postagem feita por um servidor do legislativo estadual e apoiador de Jair Bolsonaro que chamou de vadias as mulheres que votaram em Fernando Haddad. A parlamentar afirmou que cobrará medidas à Mesa Diretora e à Justiça.

Augusta Brito

“Não podemos deixar que esse tipo de situação vire moda. A democracia nos garante a liberdade de pensar e votar em quem quisermos”, afirmou a parlamentar comunista. Ela considera que a Assembleia Legislativa é um lugar de diversidade de pensamento e que não admitirá desrespeito por diversidade ideológica, de gênero, de religião ou de orientação sexual. “Não tolerar isso é meu papel enquanto parlamentar, mas, além disso, é meu papel como cidadã”, salientou.

Augusta Brito manifestou repúdio às declarações do servidor, e considerou que o pensamento está em consonância com parte do eleitorado do candidato eleito, Jair Bolsonaro (PSL). “Mal venceu a eleição e as pessoas que pensam como ele já se sentem empoderadas para falar o que quiserem, cerceando a liberdade dos outros”, afirmou.

Para a deputada, nunca foi tão necessária a existência de um Procuradoria Especial da Mulher na Assembleia Legislativa , da qual é coordenadora e que pretende levar a atuar mais amplamente, inclusive fora do Parlamento para oferecer apoio às mulheres.

Em aparte, os deputados Renato Roseno (Psol), Carlos Felipe (PCdoB), Leonardo Pinheiro (PP) e Moisés Braz (PT) também repudiaram as manifestações na rede social do servidor.

O deputado Renato Roseno (Psol) considerou que essa onda de “populismo autoritário” tem gerado o retorno dos recalques mais machistas. "Os homens, e espero que uma minoria deles, não sabem conviver com as diferenças e demandas da equidade de gênero”, pontuou.

Para Roseno, a situação envolvendo o servidor ultrapassou qualquer fronteira do respeito. “A liberdade de expressão não pode ser utilizada sob o viés da intolerância e da desumanidade. Usar as redes sociais para provocar discriminação de gênero e a injúria coletiva não pode ser visto como direito à liberdade de expressão”, disse.

O deputado Carlos Felipe (PCdoB) lembrou que o pensamento do servidor em questão não representa o pensamento da Assembleia Legislativa, seus parlamentares e funcionários. Já Leonardo Pinheiro (PP) viu como “preocupantes” as declarações feitas pelo servidor, e disse esperar que o novo Governo “unifique o País”.

Moisés Braz, deputado do PT, se solidarizou com as servidoras e funcionárias do Legislativo estadual e elogiou o discurso “corajoso” de Augusta Brito. “A defesa que Augusta Brito faz aqui vai além de todas as servidoras dessa Casa e abrange, principalmente, aquelas que não conhecem outra forma de pensar e veem o machismo como pensamento padrão”, explicou.

Agressão às mulheres

O pronunciamento da deputada foi motivado pelas postagens do servidor Barros Alves em sua página no Facebook, comemorando a eleição do candidato Jair Bolsonaro. Na publicação afirmou que “as mulheres de respeito deste imenso Brasil disseram Ele Sim. As vadias… Bem, lugar de vagabundo é defendendo laranja de presidiário". O servidor usou ainda palavras como "doidinhas, abestadinhas, esquerdopatas" para se referir às eleitoras de Fernando Haddad.

O deputado Heitor Férrer (SD), que tinha Barros Alves como assessor, já se pronunciou em rede social repudiando as declarações, e anunciou o desligamento do servidor do gabinete.