Tereza Cruvinel: Retórica eleitoral migra para o governo

A jornalista Tereza Cruvinel afirma o que ficou claro durante a campanha: a retórica eleitoral iria perdurar tão logo o candidato extremista chegasse ao poder. Ela diz: "surpresos, só os que acreditavam que a retórica de campanha não se tornaria forma de governo".

Tereza Cruvinel

No primeiro dia como presidente eleito, Jair Bolsonaro reiterou ameaças aos adversários e ameaçou retaliar veículos que não se portarem bem".

Em sua coluna no Jornal do Brasil, a jornalista destaca que Bolsonaro "pelo Twitter, confirmou ministros e desmentiu notícias. Está claro que apostará na comunicação pessoal e direta com o povo, através das redes sociais, dispensando a mediação da imprensa, e que no Congresso buscará votos ao largo dos partidos. Focinho de populismo autoritário, que saído das urnas, pode ser mais forte que o gerado por tanques".

E vaticina: "sendo autoindulgentes, podemos debitar ao torpor do resultado eleitoral a falta de reação à altura de duas coisas graves que ele disse, na segunda-feira, na entrevista ao Jornal Nacional."

Ela ainda afirma que "sobre a ameaça de “varrer estes bandidos vermelhos”, mandando-os para a prisão ou o exílio, confirmou ter se referido às cúpulas do PT e do PSOL. Na mesma fala, havia dito que faria o ex-presidente Lula apodrecer na cadeia e para lá mandaria o senador Lindbergh e o concorrente Haddad. É aterrador, mas foi assimilado."