Estado clínico de Bolsonaro piora, diz jornal

As náuseas e os vômitos apresentados neste sábado (2) por Jair Bolsonaro (PSL) – que está internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo – ocorreram porque seu intestino delgado parou de funcionar. O presidente passou a usar uma sonda nasogástrica para drenar líquido acumulado no estômago.

Bolsonaro no pós-cirurgia

A condição clínica de Bolsonaro é chamada de "íleo paralítico" e representa uma piora em seu estado de saúde, informa neste domingo (3) a Folha de S.Paulo. Quando o intestino delgado (íleo) para de contrair, acumula líquido no estômago. E o paciente sente náusea e ânsia de vômito.

No boletim médico, o hospital informa que, no quinto dia após a cirurgia para retirada da bolsa de colostomia, Bolsonaro continua com a sonda devido ao episódio de náuseas e vômito. Segue também em jejum e com nutrição parenteral exclusiva.

Diferentemente do que disseram os assessores da Presidência, não é uma "reação normal e decorrente da retomada da função intestinal". De acordo com o cirurgião Antonio Macedo, que operou Bolsonaro, a condição é uma resposta do organismo a uma cirurgia longa e com muita manipulação.

Ao jornal O Globo, o coloproctologista Marcos Hyppolito afirmou que o período entre o quinto e o sétimo dia desse tipo de cirurgia – de religamento de alças de intestino – é muito importante na recuperação. “É quanto os médicos podem saber se a junção das partes do intestino deu certo. Os movimentos peristálticos do intestino podem ser auscultados pelos médicos”, explica.

Ouvidos pela Folha, três cirurgiões especialistas em aparelho digestivo afirmam que essa condição, chamada de íleo pós-operatório, em geral ocorre imediatamente após a operação e costuma durar até três dias. Normalmente melhora conforme a inflamação do organismo diminui, e o intestino volta gradualmente a se contrair.

Segundo eles, os sintomas apresentados por Bolsonaro representam uma piora no estado clínico. Um deles diz que, no melhor cenário, não era para acontecer. No quinto dia após a cirurgia, afirma, o paciente deveria estar comendo por boca e evacuando.

Outras hipóteses explicariam a paralisação do intestino como fístula (abertura de algum ponto cirúrgico), infecção, efeitos colaterais de medicamentos (antibióticos ou remédios para dor) ou aderência precoce, ou seja, uma dobra no intestino. A pior das hipóteses seria a fístula. Se ocorrer, há risco grande de ter que reoperar e refazer a bolsa de colostomia. Mas, tanto no cenário de fístula ou de infecção, Bolsonaro apresentaria dores abdominais e febre.

Segundo boletim médico divulgado neste sábado, o presidente está "sem dor, afebril e exames laboratoriais normais". Ou seja, por ora uma fístula ou infecção estaria descartada. Macedo também negou essas hipóteses. A sonda nasogástrica colocada para retirar o líquido em excesso no estômago do presidente não trata a paralisação do intestino. Apenas alivia os sintomas de náusea e vômito.

Histórico


Bolsonaro foi submetido à cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal e retirada da bolsa de colostomia no dia 28 de janeiro, segunda-feira passada. Na ocasião, os médicos mudaram a técnica prevista inicialmente e tiveram que fazer um procedimento mais complexo do que era esperado.

Uma parte do intestino, a que estava ligada à bolsa que recolhia as fezes, foi retirada e descartada. O processo durou sete horas. Foi a terceira operação pela qual ele passou desde que foi alvo de uma facada, em setembro de 2018, durante ato da campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG).

Bolsonaro levou uma bronca da equipe médica devido à reunião por meio de videoconferência realizada na sexta-feira com o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno. O presidente também recebeu recomendação para não ver TV, mas desobedeceu. Acabou acompanhando a sessão para a escolha do presidente do Senado no sábado, além do jogo em que seu time, o Palmeiras, perdeu do Corinthians.

Da Redação, com informações da Folha e do O Globo