Bolsonaro tenta, mas não consegue explicar arroubo autoritário

“Será necessário um grande malabarismo retórico para não considerar esse discurso como explícita manifestação de um pensamento irremediavelmente autoritário, de quem acredita que a democracia é apenas um favor dos militares aos civis”, diz editorial desta sexta (8) do Estadão numa espécie de cruzada arrependida contra Bolsonaro. Em solenidade militar na quinta (7), no Rio, o presidente afirmou que “democracia e liberdade só existem quando as Forças Armadas assim o querem”.

Live Bolsonaro - Reprodução da Internet

Mais tarde, auxiliados por dois generais (porta-voz Rêgo Barros e o ministro Augusto Heleno), Bolsonaro tentou por meio de uma live no Faceboock explicar o inexplicável. Obviamente, o general Heleno diz que a fala do seu chefe foi distorcida.

“Mas há casos em que nem mesmo o mais habilidoso ministro é capaz de remendar”, lembrou o editorial do jornal paulista.

E prosseguiu: Para o presidente da República – é o que se conclui -, a democracia e a liberdade seriam meramente circunstanciais, pois dependeriam não da força e da solidez das instituições democráticas e da honestidade de convicção dos homens que ele próprio chefia, e sim dos humores dos quartéis”.

No final, o veículo da elite conservadora sugere que não se deva esperar que Bolsonaro de repente compreenda seu papel e se transforme num estadista, capaz de, em poucas palavras, guiar as expectativas do país. Diante disso, a ala adulta do governo parece ter decidido trabalhar por conta própria, tentando reparar os danos da comunicação caótica e imprudente de Bolsonaro”.

À Agência Estado, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a democracia é garantida pelo povo, pelo funcionamento a contento das instituições. “Isso é o que garante a democracia, forças armadas existem para uma possibilidade extravagante numa situação de agressão externa. Como recurso derradeiro”, observou o ministro.