Os Filósofos serão banidos da República de Bolsonaro?

Na “desfilosofia” do presidente Jair Bolsonaro banir os Filósofos e Sociólogos da “República Bolsonarista” pode ser o caminho mais curto para dar cabo ao que ele denomina de “Doutrinação ideológica”.

Por Luiza Rangel*

Bolsonaro e Olavo

Ao ler o twitter do presidente Jair Bolsonaro, informando que o Ministro da Educação “estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas)” , lembrei-me do artigo que escrevi em 2007, quando cursei a disciplina Filosofia da Educação no Programa de Mestrado da Universidade Federal de Goiás (UFG). O artigo, Entre Poesia e Filosofia: a Educação na República de Platão, buscou compreender por que Platão, apaixonado pela poesia, propõe expulsar os poetas de sua cidade ideal?

Um resumo do estudo, realizado à época, apresenta que a ira do filósofo foi dirigida, principalmente, à poesia imitativa. Sendo seu principal questionamento o valor educativo dessa poesia na formação dos futuros guerreiros. Dessa forma, sua crítica não alcançava a poesia enquanto arte, ao contrário, Platão também se declarava um apaixonado pela poesia. Seu embate, portanto, centrava-se na poesia como pedagogia institucionalizada. Na perspectiva de Platão a condenação da poesia era condição necessária para que a filosofia assumisse o protagonismo na formação do povo Grego.

Conforme destaca Jaeger (1986, p. 980) este debate ganha centralidade quando “a Filosofia ganha consciência de si própria como Paidéia e por sua vez reivindica para si o primado da educação”. Para tanto, era necessário destituir o poeta do seu posto de educador.

Na “desfilosofia” do presidente Jair Bolsonaro banir os Filósofos e Sociólogos da “República Bolsonarista” pode ser o caminho mais curto para dar cabo ao que ele denomina de “Doutrinação ideológica” dentro das universidades, escolas e nos demais espaços da terra que na atualidade é plana. Esse movimento representa mais um disparo na cruzada que este governo promove contra o conhecimento, o pensamento crítico e as universidades públicas.

A Paidéia do Bolsonarismo para a formação do homem rbasileiro é ensinar “leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa”. Como podemos observar o projeto educacional do governo cabe em 280 caracteres disponibilizados pelo twitter. E num mundo em que a terra é plana, assim como um disco de vinil, só existe espaço mesmo para um “Filósofo”, com a palavra Olavo de Carvalho.