Caminhoneiros prometem “coisa feia” e defendem Patrobras

Líder da da categoria participou de audiência  na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados.

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Matéria do jornal Gazeta do Povo diz que em audiência na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, na quarta-feira (8), o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, acendeu o alerta para a ameaça de uma nova greve dos caminhoneiros.

“O que vem por aí é coisa feia, muito feia. Se o governo não se atentar para isso, nós vamos ter um problema muito sério. Aí não vai ter Exército, não vai ter nada, porque ninguém vai ter combustível. Como é que vai fazer? Se acontecer é para desestabilizar o país. Eu não vou participar disso e não quero isso, mas já estou dando o alerta, como dei da outra vez”, declarou Lopes, segundo informações divulgadas pela Agência Câmara.

Lopes foi um dos líderes da paralisação dos caminhoneiros em 2018 e destacou que 150 mil motoristas podem deixar de trabalhar. Segundo ele, há informações que circulam em grupos de mídias sociais que mostram o crescente descontentamento da categoria.

Política de reajuste

Lopes confirmou que os motoristas exigem que governo precisa reveja a política de reajuste do diesel anunciada em março e revise as condições de trabalho da categoria, como o estabelecimento de um novo frete mínimo, negociado entre os caminhoneiros e representantes do agronegócio, da indústria e do comércio e não apenas determinado pelo governo. Caso contrário, a greve dos caminhoneiros em 2019 é evidente.

A questão do diesel é ainda mais delicada. A revisão do preço do diesel, anunciada pela Petrobras, agora ocorre a cada 15 dias. A periodicidade é considerada curta pelos caminhoneiros autônomos. Eles querem a revisão a cada três meses.

“Não temos condição de negociar preço a cada semana, a cada dia. É mais fácil suportar preços internacionais do que a volatilidade que, esta sim, acaba matando”, emendou o presidente da Confederação Nacional do Transportes (CNT), Vander Francisco Costa, também na audiência.

Inclusive, a privatização de refinarias da Petrobrás foi motivo de críticas de José da Fonseca Lopes. Segundo a Agência Câmara, ele, que é um defensor do governo “desde as eleições” e que lembrou que foi um dos cabos eleitorais do presidente Jair Bolsonaro, falou que o “petróleo é nosso”, ainda que a Petrobras seja uma empresa. “Precisamos de uma coisa para ontem: controlar o preço do óleo diesel. Em vez de a Petrobras querer vender 11 refinarias, ela deveria construir mais 11”, reforçou.

Cartão Caminhoneiro

Bolsonaro e a Petrobras, para "conter os ânimos", anunciaram o Cartão Caminhoneiro da Petrobras, que congela o preço do diesel para o cliente por 90 dias em caso de compra antecipada. Porém, os representantes dos caminhoneiros não gostaram do produto, pois permite a compra  apenas em postos da bandeira estatal.

“É uma medida como qualquer outra de fidelidade de consumo”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, que sugeriu ainda políticas de preços menores para pneus para caminhoneiros autônomos. O deputado Bosco Costa (PR-SE), um dos que sugeriram a audiência, também acredita que o cartão criará um monopólio.

Na audiência, o deputado ainda criticou a ausência de representantes da Petrobras e Bosco Costa afirmou que apresentará requerimento convocando o ministro de Minas e Energia para prestar esclarecimentos , caso necessário."