Dilma vai processar Bolsonaro por calúnia

Dilma Rousseff reagiu às declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre sua suposta participação em assassinatos durante a ditadura. Em nota divulgada nesta sexta-feira 17, a ex-presidente anunciou que vai processá-lo civil e criminalmente.

Dilma Rousseff - Foto: Ricardo Stuckert

Em sua passagem por Dallas, nos Estados Unidos, para receber um prêmio, Bolsonaro fez uma citação velada à petista. “Quem há pouco ocupava o governo teve em sua história suas mãos manchadas de sangue na luta armada, matando, inclusive, um capitão — como eu sou capitão — naqueles anos tristes que tivemos no passado”, disse.

A ex-presidente rebate as acusações, e diz que jamais participou de ‘atos armados ou ações que tivessem ou pudessem levar à morte de quem quer que seja‘. “A própria Justiça Militar — as auditorias, o STM e até o STF — em todos os processos que foram movidos contra mim, comprovaram tal fato. Os autos respectivos documentam isso“, declarou em nota.

O passado na guerrilha contra a ditadura é há anos alvo de especulações. Dilma também foi acusada de estar envolvida no atentado ao quartel do Exército em São Paulo em junho de 1968, que resultou na morte do soldado Mario Kozel Filho. Novamente, não há evidências da participação dela na ação.

“Se o senhor Bolsonaro quer se ocultar do ‘tsunami’ das investigações que recaem sob seu clã, a partir da abertura dos vários sigilos, não me use como biombo, nem tampouco menospreze os cidadãos e cidadãs que foram às ruas do País em defesa de uma educação de qualidade”, diz a nota.

Leia a nota na íntegra:

“O senhor Jair Bolsonaro, imerso em seu mundo de fake news, mostrou mais uma vez seu despreparo para dirigir o País e representá-lo internacionalmente.

Impondo sua presença constrangedora onde não é bem-vindo, e nem sequer é convidado, este senhor que infelizmente dirige o Brasil fez, em Dallas, uma declaração mentirosa e caluniosa sobre minha história política.

Durante a resistência à ditadura — e muito menos no período democrático —, jamais participei de atos armados ou ações que tivessem ou pudessem levar à morte de quem quer que seja. A própria Justiça Militar — as auditorias, o STM e até o STF — em todos os processos que foram movidos contra mim, comprovaram tal fato. Os autos respectivos documentam isso. Ao contrário dos heróis e homenageados pelo senhor Bolsonaro que, durante a ditadura e depois dela, tiveram suas mãos manchadas do nosso sangue – militantes brasileiros e brasileiras pelas torturas e assassinatos cometidos contra nós.

Minhas mãos estão limpas e foram fortalecidas, ao longo da vida, pela militância a favor da democracia, da justiça social e da soberania nacional. Foi esta luta que me levou à Presidência da República, cargo que honrei representando dignamente meu País, sem me curvar a qualquer potência estrangeira, respeitando todas as nações, da mais empobrecida à mais rica.

Se o senhor Bolsonaro quer se ocultar do “tsunami” das investigações que recaem sob seu clã, a partir da abertura dos vários sigilos, não me use como biombo, nem tampouco menospreze os cidadãos e cidadãs que foram às ruas do País em defesa de uma educação de qualidade.

Senhor Bolsonaro, as ruas estão cheias porque ao se dispor, com seu ministro desinformado, a destruir a educação, vocês estão tirando a esperança de melhores dias para milhões de estudantes já beneficiados e também os que poderiam sê-lo pela expansão e interiorização das universidades e institutos federais de educação. Oportunidades de acesso ao ensino superior que foram proporcionadas pelos nossos governos do PT em todo o País.

“Idiotas úteis” são aqueles que esquecem um ditado popular: “a mentira tem pernas curtas”. O senhor Bolsonaro responderá no juízo criminal e cível por mais essa leviandade contra mim. Ele não poderá se escudar no cargo de Presidente da República e irá ser cobrado por suas mentiras, calúnias e difamações.”