Nasce Jacobin Brasil, uma revista socialista e anticapitalista.

Foi anunciado, nesta terça-feira (28), o lançamento da Jacobin Brasil, uma revista para debater temas da esquerda.

Por José Carlos Ruy*

Jacobin - Ilustração de Rob Pybus

A edição brasileria da revista Jacobin (publicada pela internet e também, quatro vezes ao ano, no formato convencional, em papel) foi lançada nesta terça-feira (28). É a Jacobin Brasil, anunciada no âmbito do V Salão do Livro Político, no Tucarena, da Pontifícia Universidade Católica (PUC),em São Paulo.

Jacobin surgiu em setembro de 2010, fundada por um jovem novaiorquino, Bhaskar Sunkara cuja família, de origem indiana, é de Trinidad Tobago, no Caribe. Bhaskar tinha apenas 21 anos quando criou a revista como um instrumento de intervenção no debate e na atividade socialista, anticapitalista e ligada à luta dos trabalhadores.

O próprio título indica esta opção avançada. Ele se inspira nos jacobinos negros da revolução haitiana da década de1790. Outra referência, que também lembra a revolução haitiana, é o filme "Queimada" (de Gillo Pontecorvo, 1969), inspirado na luta dirigida pelo líder negro Toussaint Louverture.

São referências importantes para que se possa entender o caráter avançado da revista, que reflete com amplitude e sem dogmas, as preocupações políticas e sociais sobretudo da juventude atual. A equipe é formada por intelectuais e jornalistas jovens (insisto: hoje, Bhaskar Sunkara tem 29 anos de idade), insubmissos e inconformados com as injustiças do sistema capitalista – sobretudo em sua versão atual, neoliberal – e que se propõe a lutar contra elas de uma maneira afinada com as contradições contemporâneas.

Na esteira da crescente luta socialista nos EUA, Jacobin conheceu um crescimento rápido. Em 2017 chegou a um milhão de visitas mensais na versão eletrônica; a versão impressa, iniciada um ano depois da eletrônica, logo alcançou a tiragem de 40 000 exemplares.

Bhaskar Sunkara descreve Jacobin como uma revista radical, "em larga medida produto de uma nova geração não ligada aos paradigmas da Guerra Fria." Seu sucesso internacional é ilustrado pelas edições italiana (desde novembro de 2018) e agora a brasileira. Além dos pareiros na Alemanha (Ada Mag) e Reino Unido ( Tribune).

Jacobin é independente, e não ligada a nenhuma organização de esquerda; sua proposta é travar o amplo debate das teses da esquerda e a denunciar as mazelas do capitalismo. Como explicou a editora Sabrina Fernandes, todos os temas e abordagens da luta socialista, anti-capitalista e anti-neoliberal são acolhidos, gerando por vezes debates acalorados. A única e importante ressalva é que não são permitidos ataques pessoais – apenas e fundamentalmente a luta de idéias move a revista que, desde agora, se junta aos lutadores pela democracia e pelo progresso social no Brasisl, como no mundo.

Bem vinda Jacobin! Bem vindos, camaradas!