Humberto Costa diz que Bolsonaro tem de apresentar projeto ao país

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), cobrou nesta segunda-feira (3) de Bolsonaro que apresente um projeto a fim de tirar o país da crise e evitar um “mergulho em uma depressão econômica que redundará em um sério colapso social”.

Humberto Costa - Roque de Sá/Agência Senado

“O Presidente tem de mostrar seu projeto para o País e sair da pauta falida e cansada de armar a sociedade, de desligar radares de rodovias”, afirmou o senador.

Para ele, as pessoas querem é saber como vão recuperar o emprego perdido, como aumentar a sua renda.

“Elas querem poder fazer o seu supermercado com tranquilidade, poder voltar a ter o direito de comprar um botijão de gás. É isso que as pessoas querem do governo, mas o presidente não apresenta nada, porque a sua administração é oca, é um vazio de ideias e de propostas”, criticou.

Ânimos acirrados

Na sua opinião, até agora, o governo alimenta a “retórica histérica e ultrapassada de campanha” a nada tem servido senão a acirrar ânimos e gerar conflitos que minam a estabilidade do próprio governo e prejudicam o Brasil.

“Estamos aí às vésperas de uma greve geral, que virá no dia 14 de junho – e isso não vai parar. Essa insatisfação popular só vai aumentar mais a cada dia. As ruas estão dando o seu recado, e o presidente precisa ter a humildade de escutá-las e corrigir os rumos”, diz.

Ele ainda falou dos protestos do último dia 30 quando mais de um milhão de pessoas voltaram às ruas para protestar contra os cortes na educação.

“Estudantes, professores, pais, brasileiras e brasileiros que defendem a educação voltaram às ruas para externar seu profundo descontentamento com a forma com que este Governo de Bolsonaro tem tratado o ensino público.

O senador lembrou que os protestos foram feitos sem apoio oficial, sem dinheiro para aluguel de palanques e trios elétricos.

“Essas manifestações espontâneas de uma população absolutamente indignada com os cortes orçamentários e o consequente sucateamento das instituições públicas de ensino em todo o Brasil são absolutamente legítimas”, afirmou.

Governo parte para o confronto

No entanto, ele viu um governo, que deveria ouvir o recado, partindo para o confronto direto, hostilizando os manifestantes e querendo diminuir a dimensão dos protestos.

“Na mesma quinta-feira em que o Brasil estava tomado, o presidente fez uma patética live no Facebook, ignorando completamente os brasileiros que foram às ruas. O ministro da Educação, especialista em gravar vídeos vexatórios, foi ainda pior: partiu para a coação e o constrangimento, por meio oficial, contra os manifestantes”, considerou.

Humberto Costa diz que a orientação do ministro para que professores, servidores, funcionários, alunos e pais que defendem os protestos fossem denunciados é absolutamente atentatória ao Estado democrático de direito, é inaceitável e criminosa.

“Não à toa, o Ministério Público Federal, depois de já ter ingressado com uma ação civil pública e cobrar R$5 milhões do ministro Abraham Weintraub por danos morais coletivos em razão de suas ofensas à comunidade acadêmica, recomendou que o MEC cancelasse a desastrada nota emitida, por flagrante violação da lei, e se retratasse pela barbaridade”, disse.