O inédito caso dos navios iranianos, por Perpétua Almeida

"Com este episódio, de não abastecer os navios iranianos, em portos brasileiros, o Brasil abre mão de ter uma atuação autônoma e propositiva nos conflitos internacionais ferindo nossos interesses econômico".

Navio Irã

Dois navios iranianos no porto de Paranaguá (PR) e outros dois navios também de bandeira iraniana em Imbituba (SC), que comprariam mais de 100 toneladas de milho e outros produtos brasileiros, foram impedidos de serem abastecidos pela Petrobrás, num episódio inédito, protagonizado pelo governo Bolsonaro.

A tradição diplomática brasileira se orienta pelas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)

Ao implementar as sanções e não abastecer os navios, o Brasil está aceitando a extraterritorialidade de leis dos Estados Unidos. Fere ao mesmo tempo nossa soberania e atua contrariando aos interesses nacionais.

Atua com viés ideológico em razões comerciais em detrimento aos interesses dos produtores brasileiros. O Irã é o maior comprador de milho brasileiro e um dos nossos maiores importadores de soja e carne bovina.

Em nossa história recente, o Brasil deu uma grande contribuição a paz na região do Oriente Medio quando mediou o Acordo de Teerã em conjunto com a Turquia. Com este episódio, de não abastecer os navios iranianos, em portos brasileiros, o Brasil abre mão de ter uma atuação autônoma e propositiva nos conflitos internacionais ferindo nossos interesses econômicos.

É uma atitude de forte viés ideológico, por não ser uma resolução do CSNU, sendo lesiva aos nossos interesses econômicos, além de ferir nossa tradição diplomática.