Ernesto Araújo chamado para explicar escândalo envolvendo Bolsonaro

O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) apresentou requerimento para que o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, compareçam à Comissão de Minas e Energia da Câmara para explicar a renegociação do acordo entre Brasil e Paraguai para uso da energia da usina hidrelétrica.

Bolsonaro e Ernesto Araújo (Foto: Reprodução)

Um assessor do vice-presidente Hugo Velásquez usou o nome da família do presidente Jair Bolsonaro para intermediar um negócio de venda de energia para uma empresa brasileira, da qual o representante era um suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP).

Na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) solicitou ao ministro Ernesto Araújo informações sobre o ato diplomático assinado entre Brasil e Paraguai relativo à compra de energia elétrica da Itaipu Binacional assinada no dia 24 de maio de 2019.

O acordo bilateral foi assinado, em segredo, em maio passado. Seus termos vieram a público no fim de julho e desencadearam uma crise política para o presidente paraguaio Mario Abdo Benítez. Segundo a oposição no Paraguai, a negociação foi “entreguista” por favorecer o Brasil na contratação da energia de Itaipu. Os prejuízos, segundo os opositores, ultrapassam os US$ 200 milhões ao Paraguai.

Mensagens publicadas pelo portal ABC Color, do Paraguai, revelaram que Benítez sabia dos termos prejudiciais do acordo. Por isso, a oposição anunciou a intenção de pedir a abertura do processo de impeachment contra o presidente e o vice, Hugo Velázquez, por “traição à pátria”. Entretanto, os oposicionistas não conseguiram iniciar o processo por não possuírem quantidade suficiente de votos nas duas Casas.

Então, no dia 1º de agosto, o governo do Paraguai assinou um documento cancelando o acordo. Para socorrer o aliado político, o presidente Jair Bolsonaro aceitou o cancelamento.

Para o socialista Vaz, os principais envolvidos neste caso devem prestar esclarecimentos. “É preciso que a administração pública do Brasil seja transparente. O povo brasileiro precisa ter conhecimento sobre o que está acontecendo e temos que saber até que ponto o nosso governo está envolvido. Não podemos ficar omissos diante desse escândalo”, criticou.