PCdoB realiza encontro para debater mulheres e a democracia

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) realizou entre quinta-feira  (15) e sexta-feira  (16) na capital paulista, uma reunião ampliada do Fórum Nacional Permanente sobre a Emancipação das Mulheres. Cerca de 80 mulheres, representando todas as unidades da federação, participaram do evento.

Luciana Santos no encontro de Mulheres do PCdoB - Foto: Virginia Corrêa

O encontro contou ainda com as presenças da presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos; da Líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ); deputada Alice Portugal (BA); senadora e ex-líder do Partido no Senado, Vanessa Grazziotin (AM); ex-senadora pelo Rio Grande do Sul, Emília Fernandes; ex-deputada federal (MG) Jô Moraes; presidenta da União Brasileira de Mulhers (UBM), Vanja Andréa Santos.

Da direção nacional do PCdoB participaram ainda o vice-presidente, Walter Sorrentino e o secretário nacional de Organização, Fábio Tokarski.

A secretária nacional da Mulher, Angela Albino, celebrou o êxito da reunião. “Foi muito participativo com a presença de mulheres do país inteiro, mais de 80 mulheres reunida durante dois dias, com o tema, ‘Sem Mulheres não há Democracia’ e tratando com muita força essa preocupação de todas nós com os retrocessos civilizatórios que o mundo vive e que o Brasil passa também e que atingem frontalmente as mulheres. Foi um encontro vitorioso”, comemorou a secretária.

A reunião ampliada deu início ao debate de construção da 3ª Conferência Nacional sobre a Questão da Mulher do PCdoB que está marcada para ocorrer entre os dias 27, 28 e 29 de março de 2020.

O evento contou com uma homenagem a ex-secretária nacional da Mulher do PCdoB, Liège Rocha que assumiu a secretaria de Movimentos Sociais do Partido e teve em um dos pontos altos, a deputada Jandira Feghali declamando uma poesia de sua autoria.

Fala da presidenta

Em sua exposição, nesta quinta-feira (15), Luciana Santos fez um balanço dos primeiros oito meses do governo Bolsonaro e uma atualização da tática na resistência das mulheres comunistas frente ao bolsonarismo. Para ela, além de fazer uma política antipovo e ultraliberal, Bolsonaro não tem o menor respeito a qualquer tipo de institucionalidade.

Instabilidade política

Para a dirigente, o presidente da república e seu clã são os que geram a própria instabilidade política no país. “[Bolsonaro] vem diariamente agredindo, fazendo um confronto aberto, ele é a expressão de um conceito dos mais repugnantes que se possa ter no sistema civilizatório. Mas é o método que serve a uma determinada estratégica. “Manter uma base social radicalizada como forma de governabilidade”, observa Luciana. “Agora estamos diante de um governo que só se dirige para essa base radicalizada”, completa.

“Bolsonarismo”

Denominando de “bolsonarismo”, a presidenta do PCdoB falou sobre as suas características. Para o autoritarismo existir é preciso questionar os fatos históricos, irrefutáveis, como por exemplo, a ditadura militar no Brasil, e para isso, é preciso negar à história e às ciências, reescrever a história e impor a narrativa deles. Ela lembrou ainda que para além da narrativa, infelizmente, o governo também tem agido dessa forma.

Democracia

A dirigente orientou aos camaradas presentes no encontro para aproveitar a sagacidade dos comunistas e a capacidade de amplitude, na construção da Frente Ampla. “Explorar as contradições no seio deles”, “resistência do movimento social” e “redução dos danos na retirada de direitos no parlamento” são três ações pontuais importantes para os comunistas, salientou Luciana, destacando que a agenda democrática,“é onde podemos crescer”.

“A questão democrática está se revelando cada vez mais o vetor fundamental e capaz de construirmos a frente ampla”, assinalou a dirigente nacional.

As mulheres são as principais vítimas

“Nós somos a maioria das populações, somos 40% da população economicamente ativa, crescente chefes de família e somos as principais vítimas da ausência do Estado e por isso, temos um grande potencial, disse Luciana, recordando do movimento EleNão nas eleições e da recente Marcha das Margaridas que levou 100 mil em passeata na última terça-feira (14), em Brasília.

Para Luciana, a Marcha das Mulheres revela o simbolismo, a capitalidade e consciência do impacto na vida das mulheres. “Não subestimemos o poder de fogo que a luta democrática tem e que a ausência do Estado na vida das mulheres pode causar. A pauta das mulheres tem um protagonismo muito grande”.

Participação da mulher nas eleições

A presidenta do PCdoB ressaltou a necessidade de aumento da participação e eleição de mulheres nas eleições do próximo ano. “Temos que fazer valer toda a nossa conduta e a visão emancipacionista que nós temos” que está “intrinsecamente ligada à luta democrática e política”, afirmou. “Para 2020 temos que ter muitas mulheres nas câmaras e nas prefeituras”, enfatizou, sendo aplaudida pelo público.

Luciana concluiu falando da força da luta das comunistas. “Nos armemos com tudo aquilo que é característico de nós mulheres, sangue nos olhos, faca nos dentes, espírito e coração aberto para construirmos o futuro e nós temos os conceitos, a justeza da nossa politica e o socialismo que é o verdadeiro caminho que nós vamos construir, vamos criar as condições necessárias para a verdadeira emancipação das mulheres”.