Trocando Ideias: “A unidade não é um ponto de partida, mas de chegada”

Mais de 80 pessoas atenderam ao convite e participaram quinta-feira (22), de mais um ‘Trocando Ideias’, com Luciano Siqueira, vice-prefeito do Recife, e convidados. O tema do encontro foi Educação e Resistência, uma abordagem realista dos fatos que cercam a Educação no Brasil,a reação da sociedade e dos estudantes, e a necessidade da união de forças para combater os desmandos do governo do presidente Jair Bolsonaro contra diversos setores, mas, principalmente, a Educação. 

Trocando Ideias: “A unidade não é um ponto de partida, mas de chegada” - Divulgação

Os convidados dessa edição foram o deputado estadual João Paulo Lima (PCdoB-PE) e o presidente da Adufepe – Associação dos Docentes da UFPE, Edeson Siqueira, com mediação de Luciano Siqueira. Na plateia, representantes do movimento estudantil, secundaristas e universitários; professores; sindicalistas; pais de alunos e estudantes em geral.

Em sua explanação o deputado João Paulo destacou que se vive hoje “um período de grande revolução tecnológica, em que muito partidos, muitos sindicatos, muitos movimentos não estão se dando conta da real dimensão desse processo revolucionário e seu impacto em nossas vidas, no futuro de nossa juventude, nas gestões de governo”.

“Do ponto de vista das respostas que vamos dar a nossa maior tarefa é derrubar esse governo, mesmo, nos juntarmos para isso, sabendo que as alianças também trazem riscos. Para Lula ganhar a eleição foi preciso fazer alianças e nós sabemos as dificuldades que essas alianças trouxeram do ponto de vista dos governos. Porque o que está em disputa é a mais-valia e a produção da riqueza”, comentou.

Política e gestos

O presidente da Adufepe, Edeson Siqueira, por sua vez, ressaltou que ”o governo que aí esta representa o sistema. Todos já sabiam quem seria o ministro da Economia dele antes mesmo da eleição. Com a Educação foi exatamente o oposto, foi o último ministro a ser anunciado e em menos de quatro meses nós já estávamos no segundo. Então, Bolsonaro já tinha emitido gestos do quanto seria prioritário a Educação para ele. Quer dizer, prioridade nenhuma. Prioridade é o capital, é pagar juros, é que os rentistas ganhem fortunas, que o capital especulativo tenha mais lucros do que em qualquer lugar do mundo, ampliando, assim, as desigualdades”, criticou.

Educação e Resistência

“A partir do tema da Resistência do ponto de vista da defesa da Educação pública no Brasil média e superior nós tivemos aqui a oportunidade de não apenas registrar nas falas de vários participantes de que maneira o governo Bolsonaro ataca o ensino público, a pesquisa, a extensão também, e porque ataca, mas, também, várias considerações do ponto de vista da repercussão desse ambiente negativo sobre o sentimento dos profissionais de educação, sobre os processos de aprendizagem”, disse o vice-prefeito Luciano Siqueira ao avaliar o conteúdo do debate.

“É natural que toda discussão da educação, da extensão, da pesquisa, hoje, envolva o avanço rápido da tecnologia, sobretudo da tecnologia da informação, e as implicações que isso tem sobre a nossa vida, sobre as instituições, e, especificamente, sobre a Educação”, afirmou.

Luciano disse ainda acreditar que, durante o encontro, foram colocadas ideias muito importantes a partir das quais vale mais reflexões. “Nas coisas que escrevo durante a semana eu me refiro sempre à necessidade de nós travarmos a nossa luta nas ruas, nas redes (sociais) e nos salões porque nos salões temos a oportunidade de olhando nos olhos ouvir as opiniões de cada um”, destacou Luciano.

Unidade na luta

“Perpassou por aqui a absoluta necessidade de nos juntarmos para quem sabe invertemos a correlação de forças políticas no país, hoje, e interromper esse governo antinacional, antipopular e antidemocrático do capitão Jair Bolsonaro. Aqui, alguns disseram que é necessário unir a todos que desejem se opor ao atual governo. Escrevi um texto “Nunca é fácil”, publicado no Portal Vermelho e no meu blog, sobre a construção das frentes amplas”.

“Quem viveu e nós vivemos os 21 anos de ditadura militar sabe que a resistência aconteceu desde o começo, porém a unidade ampla, que foi capaz de derrotar o regime, só se deu nas fases finais do regime. Isso quer dizer que a unidade ampla não é um ponto de partida – é ponto de partida como desejo, como necessidade -, mas um ponto de chegada”.

“Lênin, que dirigiu a primeira revolução socialista no mundo, é dele a ideia de que é preciso unir todas as forças com as quais nós temos mais afinidades, as forças do campo popular. Atrair para o nosso campo todas as forças susceptíveis de, momentaneamente, estarem do nosso lado, neutralizar aquelas que não queiram ou não possam marchar no nosso campo, para isolar, enfraquecer e derrotar o inimigo principal, e essa concepção, essa ideia, permeou aqui nossa discussão”, concluiu Luciano.

Do Recife, Audicéa Rodrigues