França: coletes amarelos voltam às ruas

Quase 2 mil pessoas desfilaram neste sábado (14) em Nantes, no nordeste da França. Cerca de 30 manifestantes foram presos e houve diversos confrontos com a polícia. Mais de 500 coletes amarelos também protestaram sábado em Paris.

Os coletes amarelos

O chamado “Ato 44” reuniu protestos pacíficos em várias cidades do país, mas em Nantes houve tumulto: a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo nos participantes poucos minutos depois do início do protesto. Muitos estavam vestidos de preto e usavam máscaras, como os black blocs que protagonizaram, nos últimos meses, durante semanas, cenas de violência na capital francesa.

Alguns manifestantes tentaram invadir uma loja, outros incendiaram lixos, e muitos abriram guarda-chuvas, símbolo dos protestos que acontecem em Hong Kong. Depois de um período de calmaria, o movimento tenta se mobilizar no início do ano letivo na França e várias convocações foram feitas nas redes sociais para “denunciar as políticas liberais e antissociais instauradas pelo governo Macron”, a “ repressão policial” e um “capitalismo destruidor”.

Durante o ato em Nantes, que não foi autorizado pela Secretaria Regional de Segurança Pública, um policial ficou ferido. No final da tarde, os policiais haviam confiscado diversos objetos usados como armas, segundo as autoridades, que também descobriram 22 coquetéis Molotov escondidos em um lixo no centro da cidade, além de dez morteiros e um extintor. Outros foguetes artesanais e bombas caseiras foram abandonados em um parque.

Manifestação pacífica em Paris

O protesto na capital francesa ocorreu sem maiores tumultos, mas cercado de um forte esquema de segurança. O desfile terminou no início da tarde na Torre Eiffel. Os manifestantes mostraram cartazes contra o governo e defenderam a consulta popular sobre temas como a reforma da aposentadoria. Muitos aposentados estavam presentes no cortejo, pedindo a saída do presidente francês, Emmanuel Macron.

No aeroporto de Orly, centenas de "coletes amarelos" também protestaram contra a privatização da empresa Aeroportos de Paris, que gerencia Orly e Roissy. Em Lyon, cerca de 400 participantes se reuniram na praça Bellecour, perto do centro, apesar de o protesto também não ter sido autorizado pelas autoridades.

As manifestações dos "coletes amarelos", motivadas pelo aumento das tarifas sobre os combustíveis, tiveram início em novembro de 2018 e se transformaram em um amplo movimento popular contra a queda do poder aquisitivo. Durante semanas, cenas de violência tomaram conta da capital, mas aos poucos as manifestações foram perdendo força.