Sob pressão, Moro proíbe que jornalistas gravem sua palestra em evento

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, proibiu a entrada de jornalistas com celulares, gravadores e câmeras de filmagem em evento do qual foi um dos palestrantes nesta terça-feira (17), no Palácio Tangará, hotel de luxo localizado na zona Sul de São Paulo. A informação foi passada à imprensa pela assessoria de comunicação do hotel.

Moro

Moro palestrou no evento internacional sobre lavagem de dinheiro “The Offshore Alert Conference Brazil”, realizado na segunda e terça-feira. Segundo o Palácio Tangará, a condição imposta pelas assessorias do ministro e do evento foi que jornalistas entrassem apenas “com papel e caneta nas mãos”.

Moro tem evitado a imprensa desde a deflagração de uma crise política que o colocou em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro. O presidente queria a saída do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, que seria substituído pelo delegado Anderson Gustavo Torres – que tem a simpatia da família Bolsonaro.

O presidente passou a última semana internado em São Paulo, recuperando-se de uma hérnia incisional, e teve alta médica na segunda-feira. A urgência pela saída de Valeixo parece ter amainado desde então. Valeixo é homem de confiança de Moro.

Também participou do evento em São Paulo a diretora do Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, delegada federal Erika Marena. Ela trabalhou com Moro nas investigações da Lava-Jato e foi responsável por batizar a operação.

No site do evento, em inglês, ele é descrito como um “fórum neutro”, uma “conferência que adota uma abordagem holística ao crime financeiro”. Diz o texto de apresentação: “Em nossos eventos, você aprenderá não apenas como identificar fraudes, mas também a lucrar com isso, recuperar seus ativos se for vítima e, geralmente, entender o que está acontecendo no mundo das finanças internacionais de alto valor, para que você possa tomar decisões mais bem informadas”.