Presidente da Caixa  admite venda do banco

A Comissão Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara recebeu nesta terça-feira (1º) o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Pedro Guimarães, para esclarecer o processo de reestruturação do banco, além da privatização de áreas rentáveis e estratégicas da estatal. O requerimento foi de autoria da deputada Érika Kokay (PT-DF).

Por Christiane Peres, do PCdoB na Câmara

Professora Marcivânia audi caixa - Richard Silva/PCdoB na Câmara

Em tom cordial e emotivo, Guimarães defendeu o trabalho técnico da Caixa e seu papel como principal banco público do país. Afirmou que sem a Caixa, “política pública perde eficiência”, mas admitiu que há uma discussão sobre a abertura de capital do banco.

Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Ferreira, “mesmo que tenha dito que abrir o capital não é privatização, fica clara a intenção de enfraquecer a empresa, que deixará de ser 100% pública para atender a interesses de acionistas”.

Jair Ferreira lembrou que o anúncio de venda de carteiras rentáveis, do setor de seguros e segmentos das loterias, a redução de pessoal de 105 mil em 2015 para 82 mil atuais, enfraquece a empresa e compromete o papel social que a Caixa desempenha desde 1861.

Rodeado por membros da base do governo, que se esmeravam em tecer elogios ao dirigente do banco, Guimarães priorizou em sua apresentação imagens de suas viagens pelo país nas inaugurações de obras do Minha Casa, Minha Vida contratadas em governos anteriores.

Apesar de reforçar a importância de uma residência digna aos brasileiros, Guimarães não comentou a redução de investimento no programa – de R$ 4,6 bilhões, em 2019, para R$ 2,7 bilhões, previstos para 2020 –, por “decisões orçamentárias do governo”.

Em meio às amenidades que marcaram a reunião, deputados da Oposição cobraram que a Caixa permaneça 100% pública.

“Tenho certeza que ele será um grande interlocutor junto ao governo para manter a Caixa 100% pública”, afirmou a presidente da CTASP, a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP).

Durante a audiência, o presidente da Caixa anunciou ainda a contratação de 800 empregados, que se somarão aos dois mil PCDs (pessoas com deficiência) contratados recentemente, após determinação da Justiça. O anúncio, no entanto, foi criticado pelo coordenador da Comissão de Empregados e diretor da Fenae, Dionísio Reis. Para ele, o número “é muito pouco para suprir a demanda reprimida das agências”.