Livro de Janot “traz luz para os porões da Lava Jato”, diz Lula 

Uma edição impressa do livro Nada Menos que Tudo, do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, já está na cabeceira da cama do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso injustamente em Curitiba. A quem o visita na prisão, Lula mostra trechos grifados, em especial o capítulo 15, cujo título é “O objeto de desejo chamado Lula”.

“Sempre tive convicção que eu era um troféu para a força-tarefa de Curitiba, mas não tinha provas. O livro mostra isso”, diz Lula. Segundo ele, o livro-bomba de Janot ajuda a “trazer luz para os porões da Lava Jato” – a operação que, em nome de um suposto combate heroico à corrupção, abusou da prática de crimes e irregularidades.

O capítulo também foi tema de conversa do ex-presidente com o advogado Cristiano Zanin, conforme relata a colunista Bela Megale, do jornal O Globo. Zanin relembrou que levou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a tese de que o procurador Deltan Dallagnol estava usurpando a competência do então procurador da República, Rodrigo Janot, em relação ao caso do petista.

Na época, segundo o advogado, Janot se manifestou contrário ao argumento da defesa – mas, agora, reconheceu o fato nas entrelinhas da sua obra. Segundo o livro, procuradores da força-tarefa de Curitiba capitaneados por Dallagnol procuraram o então procurador-geral da República para pressioná-lo a denunciar o petista pelo crime de organização criminosa.

O objetivo era que, com isso, a força-tarefa paranaense conseguisse condená-lo por lavagem no caso do tríplex no Guarujá (SP). Janot, conforme relata no livro, não cedeu. O encontro aconteceu pouco tempo depois de Deltan apresentar a denúncia contra Lula em um Power Point.