Esquenta o clima entre Donald Trump e Emmanuel Macron

O presidente dos Estados Unidos responde ao presidente francês em tom elevado. Antes, o presidente da Turquia trocara farpas com Macron.

Trump Macron

Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, disse que Emmanuel Macron, presidente da França, foi "muito insultante" ao dizer que a Otan estava em "morte cerebral". A declaração ocorreu antes de os dois líderes participarem da cúpula da própria Otan, em Londres, nesta terça-feira (3), segundo a agência Reuters.

"Foi uma declaração forte. Quando você diz algo assim, é uma declaração muito, muito desagradável aos 28 países", disse Trump, em referência ao total de integrantes da aliança militar liderada pelos Estados Unidos.

O presidente norte-americano prosseguiu: "Eu acho que, você sabe, há uma taxa de desemprego muito alta na França. A França não está indo bem na economia, de forma alguma. Eles estão começando a taxar produtos dos outros, então logo nós vamos taxá-los."

Macron falou sobre o assunto em uma entrevista à revista The Economist. "O que estamos vivendo atualmente é a morte cerebral da Otan. Não há nenhuma coordenação na tomada de decisões estratégicas entre Estados Unidos e seus aliados da Otan. Nenhuma. Há uma ação agressiva, descoordenada, de outro aliado da Otan, a Turquia, em uma zona em que nossos interesses estão em jogo", afirmou.

Em resposta, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, atacou Macron. "Primeiro analise sua própria morte cerebral. Essas declarações servem apenas para pessoas como você, que estão em um estado de morte cerebral", disse ele.

"Ninguém presta atenção em você. Você ainda tem uma faceta amadora, comece consertando isso", prosseguiu Erdogan, aludindo a Macron. "Quando se trata de ser arrogante, você sabe como fazê-lo muito bem. Mas quando se trata de dar à Otan o dinheiro que você deve, isso é outra coisa."

Situação na Síria

Erdogan e Macron, assim como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê britânico, Boris Johnson, se reunirão paralelamente à cúpula da aliança militar ocidental, em Londres, para discutir a situação na Síria.

Em outubro, a Turquia iniciou uma operação no nordeste do país contra a milícia curda YPG, que Ancara considera terrorista.

Durante a entrevista, Macron também pôs em dúvida o futuro do artigo 5 da aliança, que estabelece que um ataque contra um Estado membro da organização é considerado um ataque contra todos.

"O que significará o artigo 5 amanhã? Se o regime (o governo constitucional da Síria) de Bashar al-Assad decidir adotar represálias contra a Turquia, vamos nos comprometer com eles? É uma pergunta crucial", disse.