Argentina faz pacto pelo desenvolvimento

Governo, trabalhadores e empresários firmaram “Compromisso Argentino pelo Desenvolvimento e Solidariedade”.

Foto: Chaco Digital

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, manteve um encontro com dirigentes das principais centrais sindicais, empresários e representantes de movimentos sociais cujo resultado foi o lançamento conjunto do documento denominado “Compromisso Argentino pelo Desenvolvimento e Solidariedade”, no qual se propõe levar adiante “consensos de longo prazo, que vão além de um período presidencial e que incluam metas compartilhadas e possíveis de atingir em distintas etapas”

“Urgente é, em primeiro lugar, dar resposta à trágica dívida social com os argentinos e argentinas que sofrem fome e problemas de alimentação.  Nos comprometemos, ante o aumento abrupto da pobreza, a contribuir com um esforço extraordinário com a obrigação moral de pôr na mesa de todas nossas famílias o pão que a nenhuma deveria lhe faltar”, sublinha o texto do acordo.

O Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA) revelou no início de dezembro que a pobreza no país atinge 40,8% da população, afetando 16 milhões de pessoas, enquanto que a indigência subiu para 8,9%, ou seja, 3,6 milhões de pessoas se encontram nessa situação.

Fernández afirmou aos presentes: “Estamos em um país que sofre dois anos consecutivos de queda do consumo e mais de vinte meses de queda da atividade industrial, e isso tem que ser revertido rapidamente. O jeito é que os industriais invistam, que a indústria cresça, que possamos exportar, que desse modo geremos trabalho, que a economia volte a se mexer como todos sonhamos, e a ideia é que o façamos entre todos”.

“Eu valorizo muito esta mesa porque nela estão sentados os protagonistas da Argentina, os que trabalham, os que investem e produzem e os que governamos. E assim acontecerá nos quatro próximos anos, trabalhando juntos e decidindo juntos”, acrescentou no encontro realizado na Casa Rosada, sede do governo.

Depois das colocações do presidente houve uma “rodada aberta” de opiniões dos diferentes sectores. Falaram Hugo Moyano, secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho da Argentina (CGT), Hugo Yasky, da Central de Trabalhadores da Argentina, CTA, Miguel Acevedo, da União Industrial Argentina, UIA, representantes da Associação de Pequenas e Medias Empresas, APYME, de cooperativas de economia popular e do movimento estudantil. Todos coincidiram com o diagnóstico do presidente e subscreveram o documento.

O chefe de Estado ressaltou “temas prioritários e imediatos” de sua gestão como o sistema de atualização trimestral das aposentadorias, o congelamento por 180 dias das tarifas de serviços públicos, a criação de empregos de qualidade e com direitos garantidos, as medidas para apoiar o investimento produtivo e as exportações de valor agregado e os mecanismos tendentes a facilitar o acesso ao crédito para a moradia e a produção, que implica em ampla promoção da indústria nacional.

Alberto Fernández buscou também um respaldo multissetorial ao seu governo para negociar a dívida externa com o FMI em “condições compatíveis com a atenção da dívida social e o crescimento da economia, nos marcos de uma ética pública das prioridades que ponha a dignidade humana acima de qualquer outro interesse”. O mesmo documento estabelece que existe vontade de pagamento, mas frisa: “Não será a mera negociação de uma administração. Conseguir uma solução sustentável será a tarefa coletiva de todo um país que exige pôr a produção e o trabalho acima da especulação financeira e a fuga de capitais”.

Fonte: Hora do Povo