Dandara dos Santos, vítima de homofobia, é homenageada em Nova York

Uma escultura em homenagem à travesti Dandara dos Santos, assassinada em 2017 em Fortaleza, está exposta em Nova York, nos Estados Unidos. A obra, do artista Rubem Robierb, simboliza as asas de uma borboleta.

Foto: Instagram de Rubem Robierb

A obra, que consiste na representação das asas de uma borboleta, é assinada pelo artista brasileiro Rubem Robierb. Intitulada de “Máquina de sonhos: Dandara (2019), a escultura foi recebida com emoção por familiares e amigos de Dandara. “Eu nomeei esta escultura de Dandara, uma mulher trans morta pela violência, uma pessoa que, assim como muitas outras da comunidade LGBTQ, sonhava em ser tratada com dignidade e respeito”, diz a descrição da obra, cravada na borboleta, que fica na 229 Tenth Avenue, por oferecimento da Taglialatella Galleries.

A homenagem foi divulgada por Robierb no último dia 14 de dezembro, data em que a travesti completaria 45 anos. Em sua conta no Twitter o artista explicou a homenagem. 

“Hoje você faria 45 anos de idade. Poucas pessoas no mundo possuem o poder de despertar empatia aonde quer que vão. Hoje, eu entendo que você é uma delas. Eu pensei que estaria corrigindo uma injustiça dando seu nome a essa escultura mas você serviu um propósito maior que a própria arte. Seu espírito desperta empatia em todas as pessoas que passam por ela. Você toca tantas vidas em tantas maneiras. Desde @vitoria.holanda.7, que cresceu com você e ajudou a colocar os seus assassinos na cadeia e escreveu um livro sobre você, até eu, que vivo tão longe e nunca te conheci. Estamos nos certificando de que você nunca será esquecida. Feliz aniversário, Dandara!”.

O crime e os acusados

Dandara dos Santos, de 42 anos, foi morta em 16 de fevereiro de 2017, em Fortaleza, no Ceará, após ser agredida a socos, pontapés e pedradas e levar tiros. A violência foi filmada e as imagens chegaram a ser compartilhadas em redes sociais.

Em abril de 2018, cinco acusados pelo crime foram condenados com as qualificadoras de motivo torpe (homofobia), meio cruel e sem chance de defesa para a vítima.

As penas, contudo, foram individualizadas, de acordo com a participação de cada um no crime. Francisco José Monteiro de Oliveira Junior foi condenado a 21 anos em regime fechado por ter atirado em Dandara. Jean Victor Silva Oliveira teve pena de 16 anos por usar a tábua no espancamento.

Rafael Alves da Silva Paiva também foi condenado a 16 anos, mas por ter agredido a vítima com chutes. Francisco Gabriel dos Reis cumprirá pena de 16 anos por ter agredido Dandara com chineladas. Por fim, Isaías da Silva Camurça foi punido com 14 anos e 6 meses por ter proferido palavras e frases ofensivas durante o ataque.

Um sexto acusado, Júlio César Braga da Costa, foi condenado a 16 anos por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima em outubro do mesmo ano.

Quatro adolescentes foram apreendidos por participação no assassinato da travesti e cumprem medidas socioeducativas, determinadas pela Vara da Infância e da Juventude.

Da redação, com agências