Semana Vermelha destaca desleixo de Bolsonaro com brasileiros na China

O jornalista José Carlos Ruy resume as principais notícias da semana, publicadas no Portal Vermelho entre os dias 26 de janeiro a 2 de fevereiro de 2020 .

Foto: Xinhua

O presidencialismo do desleixo de Bolsonaro – Nesta semana em que o coronavírus foi tema de grande impacto, pela desinformação acompanhada da  tentativa direitista de difusão do sentimento anti-chinês, a ameaça do vírus expôs também o desprezo do governo Bolsonaro pelos brasileiros. Que, a pretexto do alto custo da operação, recusa-se a repatriar brasileiros ameaçados pela doença na China. É o “presidencialismo do desleixo” em ação! Que não combate a crescente desigualdade social, desarma e tenta destruir os sindicatos, deixados à míngua enquanto a pobreza do povo cresce a olhos vistos. Mas cresce também a resistência para derrotar a direita desleixada: o Movimento 65 ganha as ruas e cresce a movimentação em torno do nome de Flávio Dino para derrotar a direita em 2022. Há luz no fim do túnel!

O presidencialismo do desleixo de Bolsonaro – Câmara resiste a Bolsonaro: só 21% dos projetos votados são do governo – Dos projetos votados em 2019, apenas um em cada cinco foi de autoria do Executivo. Em tese, o presidente da Câmara e os líderes partidários têm autonomia para escolher o que é ou não é votado. No ano inaugural do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, 68% dos projetos votados eram de autoria do Executivo. No primeiro ano de Dilma Roussef, 59% dos projetos votados eram de autoria do Executivo. Michel Temer, que tomou posse após o golpe contra Dilma,no primeiro ano de mandato, teve apenas 34% das propostas passando pelo crivo legislativo. Bolsonaro nunca priorizou a formação de uma base ampla. Não está filiado a nenhum partido e sua base formal tem cerca de 30 deputados, num total de 513. “Bolsonaro não tem condições de tocar uma agenda de governo no Legislativo”, diz o cientista político Guilherme Jardim Duarte.“É o que o cientista político Fernando Limongi chama de ‘presidencialismo de desleixo’”, diz. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirma que sua gestão dá prioridade a projetos da própria Casa, mesmo quando há convergência com o Executivo. “Muitos projetos de deputados foram utilizados porque tinham convergência, e nós priorizamos o projeto da Casa”, disse Maia

O reconhecimento político de Flávio Dino PT pode apoiar Flávio Dino à Presidência em 2022, diz Gleisi Hoffmann – A presidenta do PT diz que o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) é uma para disputar a sucessão de Jair Bolsonaro em 2022. Gleisi menciona outras possibilidades, se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuar legalmente impedido de se candidatar – em função do seu enquadramento na Lei da Ficha Limpa. “Haddad é o nosso nome forte, mas vamos discutir com os partidos de oposição”, diz. Segundo ela, Flávio Dino pode ser vice na chapa petista, ou até encabeçar a chapa. Gleisi afirma que Lula não convidou Flávio Dino para se filiar ao PT, ressalvando que o PCdoB é “nosso amigo e aliado”. O governador reeleito do Maranhão tem sobressaído por sua movimentação em busca de uma frente ampla contra o autoritarismo e em defesa da democracia. “Dino é uma liderança que está se colocando no cenário nacional, é preparado e está fazendo um movimento legítimo”, disse Gleisi. “Ele pode ser uma alternativa, nós o respeitamos muito, ele sempre foi muito leal à causa do presidente Lula”, completou. https://vermelho.org.br/2020/01/28/flavio-dino-reafirma-que-a-questao-central-e-defender-o-brasil/ e https://vermelho.org.br/2020/02/01/flavio-dino-e-a-novidade-afirma-bernardo-mello-franco/ e https://vermelho.org.br/2020/02/01/flavio-dino-e-a-novidade-afirma-bernardo-mello-franco/

Rumo à eleição municipal: o Movimento 65 – Eleições 2020: PCdoB aposta no Movimento 65 – O Movimento 65 anuncia em seu manifesto que busca a adesão de lideranças populares, progressistas, patrióticas e democráticas cujo compromisso é “a defesa do Brasil, dos direitos povo, da democracia, hoje seriamente golpeados e ameaçados”. Luciana Santos, presidenta do PCdoB, afirma que se trata de “um instrumento para lutarmos juntos por cidades mais humanas e acolhedoras, por um Brasil soberano e democrático”, destacando que o Movimento 65 está de portas abertas para mulheres e homens comprometidos com as causas de suas cidades. As eleições de 2020 são decisivas para o país. “As eleições municipais decidem sobre a qualidade de vida das pessoas. Queremos ser uma alternativa, estimulando também quem não tem partido e deseja se candidatar. Por isso estamos convidando a conhecer a experiência do PCdoB nas cidades e estados que administramos”, disse.

O sonho patronal: sindicatos à míngua – Com golpe da reforma trabalhista, imposto sindical cai 96% em 2 anos – A receita da dos sindicatos diminuiu de 3,64 bilhões de reais em 2017 para 128,3 milhões em 2019. Isto é, ficou reduzida a menos de 5% do que era antes. A obrigatoriedade do imposto sindical foi extinta em 2017, com a nefasta reforma trabalhista – uma das mais impactantes ações anti-sindicais   do governo Michel Temer. .

O escândalo crescente da exploração do trabalho escravo precisa ser punido – Crescem denúncias de trabalho escravo e oposição quer punição mais duraA denúncia é do Ministério Público do Trabalho, no “Encontro Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo: Reforço de Parcerias Contributivas”.São números alarmantes que envolvem “trabalho análogo ao de escravo, aliciamento e tráfico de trabalhadores para a escravidão.” Diante desse quadro, parlamentares da oposição na Câmara dos Deputados querem votar o projeto do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que aumenta a pena para esse tipo de crime como a expropriação de bens sem necessidade de decisão judicial. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que na volta do recesso vai conversar com Rodrigo Maia e os ruralista para convencê-los a votar aquele projeto.  Segundo MPT, o número de denúncias aumentou no ano passando, totalizando 1.213 em todo o país, enquanto em 2018 foram 1.127. Atualmente há 1,7 mil casos sendo investigados em todo o país. Em 2019 foram fiscalizados 267 estabelecimentos e encontrados 1.054 trabalhadores em condições análogas à escravidão. Entre 2003 e 2018, cerca de 45 mil trabalhadores foram resgatados e libertados do trabalho análogo à escravidão no Brasil. Isso significa uma média de oito trabalhadores resgatados a cada dia

O pior ministro da educação e o pior Enem já vistos –  Slogan bolsonarista de “melhor Enem” desmoronou em 75 dias – “Tivemos o pior Enem desde que o exame passou a ser utilizado para ingresso no ensino superior”, acusa Iago Montalvão, presidente da UNE. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, não conseguiu sustentar a fake news do “melhor Enem”. Passadas poucas horas do primeiro domingo de provas, o ministro da Educação de Bolsonaro não continha a empáfia. “Erros sempre houve – mas nunca dessa magnitude. Além disso, quando houve erros nas edições anteriores, foram solucionados sem enormes prejuízos,” disse Iago Montalvão. Em consequência, no começo de 2020, centenas de candidatos ao Enem denunciaram que seus gabaritos estavam errados. Mesmo com a pressão das entidades estudantis, o MEC negou, inicialmente, a troca de notas. Mas, no sábado 18 de janeiro, Weintraub admitiu o erro e tentou minimizar o estrago alegano que apenas 0,1% dos alunos do Enem foram afetados. Mas esse dado se revelou falso – a “crise dos gabaritos” tinha uma dimensão muito superior. E mais: a gráfica contratada sem licitação pelo MEC era, sim, corresponsável. Mais de 200 mil candidatos ao Enem 2019 prestaram queixas ao MEC. Em vários estados, o Ministério Público Federal recebeu representações de estudantes. Como a nota no exame é pré-requisito para o SiSU (Sistema de Seleção Unificada) e o Programa Universidade Para Todos (ProUni), entidades estudantis exigiram que as inscrições para esses programas fossem temporariamente suspensas – até que o MEC resolva todos os problemas com o Enem https://vermelho.org.br/2020/01/28/slogan-bolsonarista-de-melhor-enem-desmoronou-em-75-dias/  

Os muito ricos que paguem pela criseComo Argentina, Colômbia e Uruguai taxaram as grandes riquezas – Espanha, Noruega, Suíça e Bélgica taxam as grandes fortunas. Na América Latina, três países adotam a medida: Colômbia, Uruguai e Argentina. Nos EUA, nas primárias às eleições à Casa Branca, democratas como Elizabeth Warren e Bernie Sanders, propõem a criação de um imposto sobre a riqueza dos multimilionários, para diminuir a desigualdade e aumentar os gastos sociais em saúde e educação.“Esta é a ferramenta mais poderosa para aumentar o pagamento de impostos por aqueles que estão no topo”, afirma Emmanuel Sáez, professor de Economia da Universidade da Califórnia e parte da equipe que trabalha com o economista francês Thomas Piketty. Mas há um entrave: para ser de fato efetiva, a medida deva ser aplicada junto a regulamentos internacionais que evitem a fuga de capitais de um país para o outro e controlem efetivamente os problemas de evasão tributárias. Quatro países da Europa taxam as grandes riquezas: Espanha, Noruega, Suíça e Bélgica. Na América Latina, Colômbia, Uruguai e Argentina. “Para garantir sua eficácia, é muito importante o intercâmbio de informações fiscal e financeira entre as autoridades tributárias dos países”, diz outro economista, Titelman. “É um imposto com elevado potencial arrecadatório, mas sua implementação não é trivial. Para uma região que tem dificuldade em arrecadar, isso pode ser um imposto muito bom e importante.” O desafio, a seu ver, é assegurar a troca de informações entre países para evitar problemas como fuga de capitais além das fronteiras https://vermelho.org.br/2020/01/27/como-argentina-colombia-e-uruguai-taxaram-as-grandes-riquezas/

O assustador crescimento da pobreza, no Brasil e no mundoÉ preciso tomar consciência do crescimento assustador da desigualdade –  A ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) chama a atenção para o agravamento da desigualdade social no Brasil e no mundo – onde os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres, irremediavelmente mais pobres. Ela cita dados divulgados recentemente pela Oxfam – o documento intitulado “Tempo de Cuidar”. Cita três questões fundamentais que geram a desigualdade: o aumento da tributação para as pessoas mais pobres, enquanto os ricos são cada vez mais isentos de impostos (o Brasil é o único país, ao lado da Estônia, que não cobra tributo sobre a distribuição de lucros e dividendos); o corte dos gastos sociais reduz a oferta de programas sociais, sobretudo o acesso à educação e à saúde; as privatizações que alcançam setores fundamentais como energia, saneamento básico, distribuição e acesso à água potável. E há um quarto quesito, a retirada dos direitos dos trabalhadores e a precarização no mundo do trabalho – que contribui para o aumento de desigualdade. Em São Paulo, o número de moradores de rua cresceu 60%, diz o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), com base em dados da prefeitura municipal, que revelam a relação entre o salto no número de pessoas na rua e a alta na taxa de desemprego. Isso no momento em que o IBGE divulga a informação de que o Brasil fecha o 1º ano do governo Bolsonaro com a ultrajante quantia de 12,6 milhões de desempregados – 11,9% do número total de trabalhadores. https://vermelho.org.br/2020/01/30/e-preciso-tomar-consciencia-do-crescimento-assustador-da-desigualdade/ e https://vermelho.org.br/2020/01/30/populacao-de-rua-dispara-60-em-sp-e-a-vida-real-diz-orlando-silva/ e https://vermelho.org.br/2020/01/31/brasil-fecha-1o-ano-de-bolsonaro-com-126-milhoes-de-desempregados/

A direita aproveita o coronavírus para acenar com a ameaça vermelha Coronavírus: os interesses de poder por trás de questões humanitárias – O pesquisador Evandro de Carvalho analisa implicações econômicas e geopolíticas do surto do vírus na China, onde o ritmo da vida foi reduzido – Das 33 províncias chinesas, cerca de 12 delas têm 99 ou mais pessoas infectadas pelo coronavírus, responsável por síndromes respiratórias graves. Evandro Menezes de Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro aponta que, com o isolamento de províncias em situações críticas de infecção,  a paralisação de atividades econômicas, avalia que certamente a conjuntura afetará o jogo geopolítico que envolve a China e haverá, seguramente, um impacto no PIB chinês. Ele falou sobre as implicações econômicas e geopolíticas do surto causado pelo coronavírus. Salientou que o modo com que o país asiático vem lidando com a questão “reduz bastante a possibilidade de um pânico generalizado que teria consequências mais dramáticas na relação da China com vários países no mundo, que é o primeiro ou segundo parceiro comercial de uma centena de países”. Há muita desinformação a respeito desse vírus, alimentando a ignorância e a tendência à xenofobia, aos preconceitos e caricaturas quase sempre da direita anti-chinesa.No Brasil, Bolsonaro deixa claro que não vai repatriar cidadãos brasileiros pois, diz, isso  “custa caro”. Há na China, diz o Itamaraty,  quase 17 mil brasileiros https://vermelho.org.br/2020/01/30/coronavirus-os-interesses-de-poder-por-tras-de-questoes-humanitarias/  e  https://vermelho.org.br/2020/01/28/como-o-coronavirus-alimenta-nossa-desinformacao-sobre-a-china/ e https://vermelho.org.br/2020/01/31/bolsonaro-diz-que-custa-caro-trazer-brasileiros-que-estao-na-china/      

O papel central do proletariado e o trabalhoO novo proletariado e a centralidade do trabalho – A atualização do pensamento marxista, sempre necessária, não pode negar os eixos centrais da análise do capitalismo. A contradição entre capital e trabalho, mesmo adquirindo novos conteúdos e novas formas, continua como uma contradição fundamental.

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