China inaugura hospital de mil leitos construído em apenas dez dias

Primeiros pacientes infectados pelo coronavírus chegaram pela manhã ao Huoshenshan, que começou a ser construído no dia 23 de janeiro. Operários trabalharam em turnos nas 24 horas do dia, recebendo três vezes mais que a média dos trabalhadores da categoria.

A China inaugurou nesta segunda-feira (3) o Huoshenshan, um mega-hospital que foi construído em apenas dez dias e que dispõe de mil leitos para doentes do coronavírus. Os primeiros pacientes infectados chegaram pela manhã ao local. Erguido em Wuhan – no epicentro do surto que, desde dezembro, já deixou 362 mortos e mais de 17 mil infectados –, o novo centro médico começou a ser construído no dia 23 de janeiro.

O Huoshenshan ocupa uma área de 25 mil m², no distrito de Caidian, que também abriga o Sanatório dos Trabalhadores. Para construí-lo em apenas dez dias, os operários trabalharam em turnos nas 24 horas do dia. Estima-se que cada um deles recebeu US$ 173 por dia – valor três vezes superior ao que os trabalhadores da categoria costumam receber no país. A equipe médica será composta por 1.400 agentes de saúde das forças armadas, incluindo membros do Exército, da Marinha e da Força Aérea chinesa.

Além do Huoshenshan, outro hospital, ainda maior, também está sendo construído em Wuhan. O Leishenshan – cuja obra pode ser acompanhada em tempo real no YouTube – terá espaço para 1.600 leitos. A expectativa é de que os trabalhos sejam concluídos na próxima quarta-feira (5).

Não é a primeira vez que a China responde com prontidão a uma ameaça de saúde. Em 2003, durante a epidemia de Sars (Síndrome Aguda Respiratória Grave), o governo liderado pelo Partido Comunista surpreendeu a comunidade mundial ao construir um hospital em Pequim em apenas sete dias.

Na semana passada, as autoridades reforçaram as restrições em Wuhan. Um único membro de cada família pode sair à rua para compras essenciais de dois em dois dias. Já o reinício das aulas foi adiado na província chinesa de Hubei, centro do surto do coronavírus.

Desde dezembro, surgiram 17.205 casos da doença em todo o país, o que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar emergência mundial. A doença já se espalhou por 20 países. No domingo, morreu a primeira pessoa infetada fora da China, nas Filipinas: um chinês de 44 anos, natural de Wuhan.

Fora da China

Em meio ao surto de casos, o governo Jair Bolsonaro foi obrigado a ceder e anunciou, neste domingo (2), que vai repatriar os cidadãos que estiverem em Wuhan. A decisão foi tomada após um grupo publicar um vídeo pedindo ajuda do Brasil, para conseguir deixar a China. Mas o local para onde eles serão levados – até que seja cumprido o período de quarentena – ainda não foi informado.

Na Europa, um avião da Força Aérea Portuguesa transportou para Lisboa, neste domingo (2), um grupo de 20 pessoas – 18 portugueses e duas cidadãs brasileiras – retiradas de Wuhan. O Ministério da Saúde disponibilizou instalações para portugueses provenientes dessa região chinesa. Eles ficarão em “isolamento profilático” voluntário, durante 14 dias, e farão análises para despistar o novo coronavírus. Durante esse período, não poderão receber visitas, mesmo que controladas.

Na França, os testes realizados nos 20 passageiros que apresentavam sintomas e estavam a bordo do voo fretado deram negativo, de acordo com o Ministério da Saúde. Os passageiros a bordo dos Airbus380 chegaram neste domingo (2) na base militar de Istres, perto de Marselha, com 254 pessoas a bordo. Entre elas, 64 franceses e pessoas de outras 30 nacionalidades.

Segundo as autoridades francesas, 124 estrangeiros voltaram para seus países de avião e 60 estão na França, entre elas duas brasileiras de nacionalidade portuguesa que estavam em Wuhan. Cerca de 36 passageiros apresentavam sintomas no desembarque e cerca de vinte foram retidos no aeroporto para testes.

Por medidas de precaução, todos os passageiros do voo que ficaram na França serão isolados durante 14 dias em centros situados em Aix-en-Provence, perto de Marselha. Os franceses que solicitaram o retorno à França tiveram o pedido atendido. As temperaturas deles serão medidas com regularidade. Eles ficarão “hospedados” em uma escola do corpo de bombeiros situada na zona rural que pode receber até 500 pessoas.

O objetivo é evitar riscos de contaminação ligado ao vírus. O teste só pode ser feito em caso de sintomas, que podem aparecer alguns dias depois do contágio. A prefeita de Aix en Provence, Maryse Joissains-Masini, disse que o local está cercado de um forte esquema de segurança e o confinamento é total. Uma reunião de informação será organizada para os habitantes na próxima semana.

Cooperação internacional

O ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, elogiou neste domingo (2) a cooperação internacional com as autoridades chinesas, dizendo que o repatriamento dos diplomatas em Wuhan por enquanto não foi discutido. Na França, seis casos foram diagnosticados até agora e apenas um permanece na UTI de um hospital parisiense.

Já a Rússia – que registrou dois casos de contágio em cidadãos chineses – anunciou nesta segunda a expulsão dos estrangeiros infectados com o coronavírus. Na semana passada, o país fechou a fronteira com a China e reduziu as conexões entre os países. O coronavírus “foi adicionado à lista de doenças especialmente perigosas. Isto nos permite proceder a expulsão de estrangeiros infectados e aplicar medidas especiais como o isolamento e a quarentena”, disse o primeiro-ministro russo Mikhail Mishustin.

Da Redação, com agências

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