“Face ilegal de Jair Bolsonaro”: congressistas apontam crime da Secom

Ao afirmar que a documentarista indicada ao Oscar “assumiu o papel de ativista anti-Brasil”, o Governo de Jair Bolsonaro se tornou protagonista de um novo escândalo, desta vez acusado de ferir o princípio constitucional da impessoalidade e produzir propaganda difamatória com dinheiro público

O tuíte publicado pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) com críticas à cineasta do documentário ‘Democracia em Vertigem’, Petra Costa, dominou a pauta da manhã desta terça-feira (4) no Congresso Nacional.

Ao afirmar que a documentarista indicada ao Oscar “assumiu o papel de ativista anti-Brasil”, o Governo de Jair Bolsonaro se tornou protagonista de um novo escândalo, desta vez acusado de ferir o princípio constitucional da impessoalidade e produzir propaganda difamatória com dinheiro público.

“É uso indevido, ilegal e imoral. Governo  de Jair Bolsonaro terá que responder por mais este absurdo. Ataques da Secom à cineasta Petra Costa expõe mais uma vez a face obscura, arrogante, autoritária e ilegal do governo de Jair Bolsonaro. Um bando de aloprados em comandos importantes do país. O Brasil não merece isso”, declarou o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA).

Neoditadura

Líder do PSol na Câmara, deputado federal Ivan Valente (SP) relacionou a decisão do Governo ao clima de crescente cerceamento de liberdades no país. “Tuites da Secom ferem a Constituição. Num total abuso do poder, o corrupto da Secom usa o aparato do Estado para difamar e perseguir a cineasta Petra Costa. Ninguém pode ser coagido por suas opiniões, quem faz isso são as ditaduras”, disse.

Outra congressista a relacionar o caso às “neoditaduras” foi a deputada Maria do Rosário, eleita pelo PT do Rio Grande do Sul. “A neoditadura dos Bolsonaros usa o estado contra indivíduos. O q faz contra a diretora de cinema Petra Costa só comprova a denúncia que ela faz ao mundo sobre o fim da democracia no Brasil. O estado incita violência de grupos e fundamentalistas solitários contra Petra”, apontou.

Colega de partido, Margarida Salomão (MG) questionou quantos crimes mais serão permitidos do atual presidente. “Mas isso é um escândalo! Como pode o governo usar sua estrutura de comunicação para fazer um ataque pessoal a Petra Costa? Quantos crimes o bolsonarismo está liberado para cometer? Uma covardia! Espero que Petra peça direito de resposta na justiça!”.

Desmoralização

“Um absurdo a utilização de uma conta institucional (recurso público) para atacar Petra Costa com fake news. Isso independe de posição política. Dinheiro público NÃO PODE ser utilizado para esse tipo de bizarrice. Pior é uma pasta com Wajngarten no comando achar que tem essa moral”, salientou o Líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Relacionando o caso aos recentes escândalos envolvendo o repasse de dinheiro de agências de publicidade e emissoras contratadas pelo governo de Jair Bolsonaro ao atual chefe da Secretaria, Alexandre Frota (PSDB-SP) defendeu a imediata saída de Wajngarten. “Fábio [Wajngarten], da Secom, usando a conta da Secom para agredir e criticar Petra Costa. Não acho que seja possível mais a permanência desse sujeito na Secom. Se não bastasse a agência dele e do irmão celebrarem contratos com a Secom que ele dirigi (sic), agora permite o uso da conta”.

Anti-Brasil

Mais cedo, em uma série de tuítes, a ex-presidente Dilma Rousseff acusou a presidência de utilizar a máquina pública para “incitar ódio contra uma artista” que desmascarou “o golpe do impeachment ilegal de 2016 que levou o Brasil ao desastre chamado Bolsonaro”. Dilma afirmou, no entanto, que o insulto mais grave da Secom à Petra Costa foi acusá-la de “militante anti-Brasil no exterior”.  “Isto é não só mentira, como também uma inversão absoluta da realidade. Não há em nosso país ninguém mais anti-Brasil e mais pernicioso à nossa imagem no exterior do que Bolsonaro”, afirmou.

Matéria originalmente publicada no dia 4 de fevereiro de 2020, no Portal Brasil 247.

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