Agressão de Paulo Guedes a servidores tem amplo repúdio

Ministro da Economia, agressivo representante dos parasitas do mercado financeiro, não mediu palavras no desespero para pôr a mão no dinheiro que viria da desidratação do Estado.

Em nota, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) disse que Paulo Guedes ofendeu uma categoria que “em condições cada vez mais adversas trabalham para manter de pé serviços públicos essenciais à população que o atual governo, orientado pela ideologia do Estado mínimo, se empenha em sucatear e destruir, privatizando-os”.

O documento, assinado pelo presidente da entidade Adilson Araújo, prossegue afirmando que “a imensa maioria dos servidores públicos vilipendiados pelo ministro rentista é constituída por trabalhadores e trabalhadoras que dão duro, recebem salários humildes e cujos direitos, demonizados como ‘privilégios’ pelos neoliberais, estão sendo impiedosamente destruídos pelas reformas e medidas impostas ao nosso povo desde o golpe de 2016”.

Para o presidente da CTB, a “reforma” administrativa advogada pelo rentista Guedes tenciona impor novo arrocho salarial no setor público. “A reação já está agendada e deve culminar com uma greve nacional em 18 de março”, afirma.

A nota conclui afirmando que “não se trata de uma batalha corporativa, mas de uma luta do conjunto da classe trabalhadora e do povo brasileiro”. “A CTB manifesta enérgico repúdio às declarações do senhor Paulo Guedes e irrestrita solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras do setor público”, enfatiza.

Força Sindical

Também em nota, a Força Sindical se pronunciou. O documento, assinado pelo presidente entidade Miguel Torres, diz que Guedes foi “grosseiro e demonstra insensibilidade social”.

“Infelizmente, o ministro dá clara mostra de desconhecer a importância das carreiras públicas e se esquece que seu cargo de ministro é também de servidor”, afirma.

E prossegue: “A descompostura do ministro ofende toda a sociedade e, em nada, ajuda a modernizar e transformar o Estado nas melhorias de prestação de serviços à população.”

Mais repúdio

A desastrada e provocativa declaração do ministro teve pronta resposta de todos os agredidos. O Sindicato dos Servidores da Câmara, Senado e Tribunal de Contas da União ( Sindilegis) também emitiu nota de repúdio.

“Parasita é o sistema financeiro, protegido pelo ministro da Economia, que escraviza o povo brasileiro em benefício de meia dúzia de banqueiros”, afirmou o presidente do Sindilegis, Petrus Elesbão na nota.

O sindicato diz já ter acionado seu corpo jurídico para avaliar as medidas judiciais cabíveis contra os insultos do ministro.

A agressão do ministro se deve ao seu desespero pela aprovação da “reforma” administrativa que, nas suas contas, “economizará” R$ 296 bilhões por ano, dinheirama que seria usada para estabilizar a rolagem da dívida pública.

Segundo a agressão do ministro, conhecido agente dos grandes parasitas dos recursos públicos representados pelo sistema financeiro, servidores públicos, como “parasitas”, estão matando o hospedeiro (o governo).

Para Elesbão, a postura do ministro e do governo deixa claro que não há qualquer intenção de diálogo com o serviço público no que chamam de “reforma” administrativa.

“O que fica bastante evidente, além da profunda arrogância e desrespeito pelos trabalhadores desse país, é que estão precarizando todas as relações de trabalho e tentando desmontar o Estado que existe para proteger o cidadão. A serviço e benefício de quem?”

Ainda de acordo com a nota do sindicato, o vice-presidente da entidade, Alison Souza, estava no evento e condenou a postura de Guedes e de autoridades públicas que atacam os trabalhadores.

“É evidente o profundo desconhecimento de alguns agentes públicos sobre a qualidade do trabalho realizado pelos servidores –ou a imensa má fé com que tentam nos responsabilizar pela sua própria incompetência. O Brasil precisa de um ambiente equilibrado e propício aos negócios para se desenvolver. Manifestações como essa vão exatamente no sentido oposto. Nós, servidores, trabalhamos duro todos os dias para dar rumo a este País”, afirmou Souza.

Também em nota, o Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado), que representa mais de 200 mil servidores, disse que Guedes desrespeita de forma gratuita a categoria.

“O Fórum afirma que ele (Paulo Guedes) demonstra desprezo com o funcionalismo, além de desconhecer a máquina pública. O grupo pede retratação pública do ministro e afirma que vai tomar medidas administrativas e judiciais.”

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que repudia as declarações e que Guedes ataca de forma injusta parcela da população que serve aos governos e suas autarquias. “O próprio ministro está cercado, convive diariamente e é servido pelo mesmo trabalhador público que agora anuncia desavergonhadamente repudiar como ‘parasita’”, afirmou em nota.

A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) disse que falta elegância e patriotismo a Guedes. “O assédio institucional que vem sendo praticado pelo sr. Paulo Guedes em relação aos servidores públicos já ultrapassa os limites legais e merece reação à altura”, disse a entidade.

A associação que reúne dos procuradores do estado de São Paulo também divulgou nota em repúdio à manifestação do ministro.

“A Apesp lamenta a agressão verbal do Ministro, ressaltando que os servidores públicos do estado de São Paulo e do Brasil desempenham um trabalho de vital importância para a sociedade e ao funcionamento da administração pública.”

De acordo com o texto da Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo (Apesp), os servidores públicos estão presentes na vida da população em áreas vitais como educação, saúde, justiça, segurança e transporte. “Se utilizasse ou necessitasse destes serviços, o ministro saberia certamente valorizá-los.”

“Dessa forma, a Apesp, não apenas refuta a pecha de ‘parasitas’ atribuída aos servidores públicos, como também convida o ministro a se informar melhor sobre a importância que os servidores públicos têm para o povo que mora no estado de São Paulo e no Brasil.” (Com informações do jornal Folha de S. Paulo)