Há 30 anos, Nelson Mandela conquistava a liberdade
Após passar 27 anos como prisioneiro, líder sul-africano deixava a prisão-fazenda de Victor Verster, ao lado da então mulher, Winnie, em 11 de fevereiro de 1990
Publicado 11/02/2020 10:49 | Editado 11/02/2020 14:07
O mais famoso preso político do mundo conquistava a liberdade há três décadas. Após passar 27 anos como prisioneiro, Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013) deixava a prisão-fazenda de Victor Verster, na Cidade do Cabo (África do Sul), ao lado de sua então mulher, Winnie, às 11h15 (horário de Brasília) de 11 de fevereiro de 1990.
“Ergo-me diante de vocês não como um profeta, mas como um humilde servo do povo”, disse ele, aos 71 anos, em seu primeiro discurso, na praça Grand Parade, em frente à prefeitura. As comemorações pela libertação do líder deixaram 14 mortos e cem pessoas feridas, de acordo com a polícia sul-africana.
Condenado à prisão perpétua por traição e sabotagem, Mandela era o principal líder da luta contra o apartheid, regime de segregação racial que a minoria branca impôs à maioria negra na África do Sul. Segundo ele, a criação da Umkhonto We Sizwe (A Lança da Nação), braço armado do Congresso Nacional Africano, nos anos 60, foi ação “puramente defensiva contra a violência do apartheid”.
A soltura de Madiba, como era conhecido devido ao clã Thembu ao qual pertencia, foi parte das negociações iniciadas pelo presidente Frederik de Klerk, que tomara posse em setembro de 1989. E virou notícia no mundo todo. “Os fatores que nos obrigaram a optar pela luta armada ainda existem hoje. Não nos resta opção senão continuar neste caminho”, disse ele, que naquele momento manteve vivo o fantasma da luta armada para obter posição de força nas negociações com o governo sul-africano pelo fim do estado de emergência e pela libertação dos presos políticos.
Mandela passou a primeira noite fora da prisão na casa do arcebispo Desmond Tutu. O líder anti-apartheid foi enfático ao reconhecer o empenho da população pela sua libertação. “Seus incansáveis e heroicos sacrifícios tornaram possível eu estar aqui hoje. Coloco, portanto, os anos restantes de minha vida em suas mãos.”
E colocou. Tanto que, dois dias depois, com um inflamado discurso no estádio de Soweto – para 100 mil pessoas –, ele construiu caminho para a paz na África do Sul, o que lhe garantiu Nobel em 1993, ao lado de Le Klerk. Depois, tornou-se, em 1994, o primeiro presidente negro do país e governou por dois mandatos. Mandela morreu aos 95 anos, em 5 de dezembro de 2013.
Com informações da Folha de S.Paulo