Indústria: retirada de status especial do Brasil por Trump é “ilegal”

Para a CNI, cenário é preocupante, uma vez que a leitura é que Trump pretende aprofundar a guerra comercial com a China

Para CNI, decisão unilateral de Trump enfraquece multilateralismo

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se posicionou contra a decisão dos Estados Unidos de retirar o status de país em desenvolvimento do Brasil e de outros 18 países em investigações de defesa comercial. Segundo nota divulgada pela entidade que representa a indústria, a decisão é “ilegal” e  “unilateral” e não leva em conta as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Para a CNI, o cenário é preocupante, uma vez que a leitura é que Trump pretende aprofundar a guerra comercial com a China. Para a confederação, a decisão dos EUA enfraquece o sistema multilateral de resolução, representado pela OMC.

“Além da ilegalidade cometida pelos Estados Unidos, vamos ficar atentos à sequência de ações que podem prejudicar as exportações brasileiras. Este é o sintoma de um gravíssimo problema para o qual o Brasil não está olhando com a devida atenção, que são os subsídios industriais praticados por vários países ao redor do mundo”, diz Carlos Abijaodi, diretor da CNI

A confederação considera que os Estados Unidos reagem contra o que seria um desequilíbrio na concorrência internacional “provocado pelo capitalismo de Estado chinês”.

 “Na prática, o modelo econômico adotado pela China dá subsídios às suas empresas desde a etapa de instalação ate produção e comercialização  de seus produtos , criando condições artificiais de competição. Uma consequência disso é a perda de empregos que hoje ocorre em vários países devido ao deslocamento de postos de trabalho criados na agregação de valor para o território chinês, o que não existiria em condições normais de concorrência”, afirma o comunicado divulgado no site da confederação.

A CNI defende a aprovação de legislação no Congresso Nacional para combater subsídios principalmente de economias asiáticas, como China, Vietnã e Coreia do Sul.

Em entrevista recente ao Portal Vermelho, o geógrafo Elias Jabbour, especialista em China, destacou que a trégua entre Estados Unidos e China na guerra comercial é apenas aparente. Recentemente, os países firmaram um acordo de comércio prevendo cotas de compra de produtos.

“O problema não é comercial e, sim, tecnológico e geopolítico. Trata-se de uma batalha que marcará as próximas décadas”, declarou. Para Jabbour, há, na China, um “socialismo de mercado”, caracterizado pela associação entre economia monetária, keynesianismo e planificação soviética.

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